O paraguaio Wilson Pittoni, de 28 anos, foi contratado pelo Bahia com pompa de estrela. Nesta quarta-feira, o jogador foi apresentado no Fazendão em evento que contou com a presença do presidente Fernando Schmidt e do diretor de futebol, William Machado. Uniforme e cartão de sócio em mãos, pose para as fotos, sorriso de orelha a orelha, tudo dentro dos conformes. O cenário, no entanto, por pouco não foi diferente. Durante a primeira entrevista como jogador tricolor, Pittoni revelou que, na temporada passada, esteve a um passo de fechar com o Vitória para fazer companhia a Escudero, Maxi Biancucchi e Cáceres.

– O Régis [Marques Chedid], meu empresário, me falou que ia me trazer para o Vitória depois de sair do Figueirense. Mas decidi voltar para o Paraguai. Fiquei parado sete meses por conta de uma lesão muito grave. Ele e o Eduardo Uram me ajudaram a voltar para meu país, onde tive um ano muito bom – disse Pittoni, que assinou contrato de dois anos e teve 20% de seus direitos econômicos comprados pelo Bahia.

Na temporada passada, o jogador foi peça fundamental para o Olímpia-PAR na disputa da Copa Libertadores da América. O time paraguaio disputou a final da competição com o Atlético-MG e ficou com a segunda colocação. Pittoni, contudo, tem boas lembranças dos dois jogos decisivos, principalmente do primeiro, quando marcou um belo gol de falta.

Antes de deixar o Olímpia para reforçar o Bahia, o jogador teve uma longa conversa com Régis Marques Chedid. O volante foi convencido pelo empresário de que a melhor escolha seria assinar com o Tricolor, e não se arrepende da decisão.

– O Régis falou que o Bahia tem muita tradição. Eu falei com minha família que o Bahia queria me contratar. Falei muito com o Régis. O Bahia é um time grande, temos que agora pensar que temos que melhorar para ganhar títulos aqui – comentou.

No Bahia, Wilson Pittoni reencontra um velho conhecido. O paraguaio atuou nas divisões de base do Libertad junto com Maxi Biancucchi, com quem conserva uma antiga amizade.

– Conheço o Maxi desde a base do Libertad. É bom encontrar amigos de quando você começou jogando, ainda pequeno. Tenho certeza que aqui no Bahia a gente vai tentar fazer o melhor para a equipe – afirmou.

DRAMA FAMILIAR NA PELE

As tatuagens são bastante comuns para os jogadores de futebol, e com Pittoni não é diferente. No braço direito, o jogador tem duas com um significado bastante especial. O volante paraguaio traz na pele os nomes do pai, Fermin, morto há quatro anos vítima de câncer, e do irmão, Angel Paolo, que morreu há seis anos, afogado.

– Meu pai. Já faleceu. E meu irmão também, afogado aos quinze anos. Foi no Paraguai. Eu jogava no Libertad, na época. Ele foi nadar com uns amigos e se afogou. Meu pai morreu de câncer – contou o volante paraguaio.

Hoje, Pittoni já fala da morte dos familiares sem grandes problemas. Contudo, a perda quase fez com que o paraguaio parasse de jogar.

– Eu quase parei de jogar. Perder um irmão que cresceu com você é difícil. Não ia treinar mais. Fiquei sem treinar por três semanas. Foi muito difícil. Meu pai também. Sou de uma família muito humilde no Paraguai. Tinha que continuar para conseguir meus objetivos – lembrou o reforço tricolor.

A saudade ficou na lembrança de Pittoni, assim como as tatuagens marcando o drama familiar na pele do atleta. Para não mais ficar longe de quem ama, o paraguaio decidiu trazer a família para a Bahia, incluindo os dois filhos pequenos.

– Graças a Deus, minha família está aqui. Meus filhos, que são pequenos – pontuou.

INFORMAÇÕES SOBRE O BAHIA

Apesar de ter passado a última temporada no Paraguai, Pittoni conhece bem o Bahia. O jogador disse que já atuou contra o Tricolor quando defendia o Figueirense, e a paixão da torcida baiana ficou gravada na lembrança do reforço paraguaio.

– Joguei contra o Bahia em 2011, em Pituaçu. Tem uma torcida muito apaixonada. Isso me motivou a vir para cá. O clube ainda não conheço 100%, mas é um clube sério, que vai querer ganhar o título estadual. Temos que trabalhar todos juntos – comentou o atleta.

O elenco do Bahia não escapou da rede de informações de Pittoni. O volante mostrou que fez o dever de casa e falou sobre a base mantida para esta temporada.

– Tem o Fahel, jogador experiente, o Titi, que também é da casa, o Marcelo Lomba. São jogadores que estão aqui há anos. Referências da equipe – completou.

Pittoni afirmou que precisará de pelo menos uma semana para ter condições de atuar com a camisa tricolor. E para quem ainda não conhece as suas qualidades, o volante paraguaio fez questão de se apresentar.

– Eu jogo na meia e como volante. Nas duas posições. Mas prefiro jogar de volante, meu forte é roubar a bola, fazer passes. Um volante avançado. Ajudo bastante a equipe. Tenho a virtude de cobrar faltas. Mas, se não treina, fica difícil. Se Deus quiser, poderei fazer gols de falta aqui. Vou falar para o torcedor que vou fazer meu melhor em cada jogo. Atitude nunca vai faltar da minha parte. O torcedor vai ver em campo quem sou eu – finalizou. *Globo Esportes