De acordo com informações do Instituto Trata Brasil, realizado em parceria com a Water.org e obtido com exclusividade pelo G1 e pela TV Globo, o desperdício de água cresceu pelo terceiro ano seguido no Brasil. Os números apontam que, em 2015, foi registrado que 36,7% da água potável produzida no território brasileiro foi perdida durante a distribuição. Em 2018, o ano mais recente com os dados disponibilizados, o índice atingiu 38,5%.
Esses dados significam que, conforme salientou o estudo, a cada 100 litros de água captada da natureza e tratada para se tornar potável, aproximadamente 40 litros se perdem por conta de vazamento nas redes, fraudes, “gatos”, erros de leitura dos hidrômetros e outros problemas.
Em 2018, a perda chegou a 6,5 milhões de metros cúbicos de água, ou seja, o equivalente a 7,1 mil piscinas olímpicas desperdiçadas por dia, por exemplo. Ademais, como essa água não foi faturada pelas empresas responsáveis pela distribuição, os prejuízos monetários chegaram a cerca de R$ 12 bilhões (mesmo valor dos recursos que foram investidos em água e esgoto no país durante todo o ano).
O levantamento também mostra que, entre 2015 e 2018, a produção de água aumentou 5% no Brasil, o que significa dizer que, para atender a população, as cidades brasileiras precisaram retirar mais água da natureza. O volume de água não faturada teve um aumento de 10%, passando de 5,9 milhões de metros cúbicos para 6,5 milhões.
Com isso, concomitantemente, o impacto financeiro ao longo dos anos também aumentou, passando de R$ 9,8 bilhões (em 2015), para R$ 12,3 bilhões (em 2018): uma alta estimada em 25%.
Considerando o cenário “nem otimista”, “nem pessimista”, a pesquisa prevê que, se o Brasil conseguisse atingir a marca de 20% de perdas em 2033 (ano que é considerado o prazo de cumprimento de diversas metas do Plano Nacional de Saneamento Básico), o volume economizado seria suficiente para abastecer mais de 30 milhões da população em um ano.
Esse mesmo volume, que chegaria a 1,8 bilhão de metros cúbicos de água, também seria suficiente para abastecer todas as favelas brasileiras por pelo menos dois anos.
Região
Em uma análise internacional realizada pelo instituto, o Brasil aparece no mesmo patamar que países como Congo (41,3%) e Peru (35,6%), e completamente distante de países como Dinamarca (6,9%), Estados Unidos (12,8%) e Coreia do Sul (16,3%).
No entanto, mesmo considerando as possíveis diferenças regionais, nenhuma região brasileira fica abaixo desse patamar de 20%. A que surge melhor colocada no país é o Sudeste, com índice de perda na distribuição de 34,4%. Já a pior é o Norte, com 55,5%, que apresenta problemas estruturais e históricos de saneamento básico.
O estudo também destaca que, inclusive, no Norte houve uma piora de 14% no desperdício de água entre 2016 e 2018. Os piores casos foram os estados do Amazonas e de Roraima, que tiveram aumento de 48% e 32%, respectivamente, em suas perdas. A perda em Roraima chega a 73% de toda a água tratada.