Durante a pandemia, os casais que estavam planejando gestação para 2020 tiveram, infelizmente, seus sonhos adiados. A gestante entrou para o grupo de risco e este fato deixou grávidas, tentantes e os médicos em alerta.
Por que a gestante faz parte do grupo de risco?
Na gestação, as alterações hormonais levam a mudanças fisiológicas no sistema cardiorrespiratório e imune feminino.
Tais modificações induzem a um estado de imunotolerância e adaptação pulmonar e cardiovascular e, assim, favorecem a permanência do feto e a evolução da gestação. No entanto, acabam por aumentar a predisposição materna às infecções além de retardar o diagnóstico infeccioso.
Outro fator que pode predispor a complicações gestacionais é o aumento do risco de trombose ocasionado pela COVID-19. No caso da gestação e do pós-parto, o estado fisiológico já instalado de hipercoagulabilidade aumenta ainda mais o risco de eventos tromboembólicos durante a infecção por SARS-COV-2.
O SARS-COV-2, vírus novo e ainda pouco conhecido, mostrou ser um potencial complicador para gestação, aumentando o risco de abortamento, pré-eclâmpsia, restrição do crescimento intrauterino, parto cesariano, parto prematuro, sofrimento fetal e rotura prematura de membranas.
Além disso, alguns relatos de caso mostraram o potencial de transmissão vertical da doença (transmissão da mãe para o feto) e dessa forma, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, orientaram a contracepção para todos os casais.
Apesar de todas essas publicações científicas, felizmente não houve evidências de associação do vírus com teratogenia.
Transmissão por via sexual
Alguns estudos vêm sendo publicados sugerindo uma possível transmissão da COVID-19 por via sexual, já que os receptores utilizados pelo SARS-COV-2 são expressos nos testículos, nos ovários, no útero e também na vagina.
Apesar de ainda não estar confirmada essa via de transmissão, a orientação até o momento é de isolamento social, dificultando ainda mais a vida reprodutiva dos casais.
Opção durante a pandemia
Para os casais que já possuíam o diagnóstico de infertilidade, 15-20% da população em idade reprodutiva, a situação ficou ainda pior, pois o sonho da gestação tornou-se ainda mais distante.
Desse modo, alguns casais com infertilidade têm optado por seguir adiante com tratamentos de Reprodução Assistida e congelamento de embriões ou óvulos com objetivo de preservação da fertilidade para transferência embrionária posterior.
Esse tem sido um caminho possível e inteligente, principalmente para aquelas mulheres de idade avançada ou com baixa reserva ovariana, situação na qual o avançar do tempo tem se tornado um inimigo importante.