Nesta quarta-feira (17), a Organização Mundial de Saúde (OMS) imformou que vai suspender, pela segunda vez, os ensaios clínicos com hidroxicloroquina, no que diz respeito ao uso para trata pacientes infectados pelo novo coronavírus (Covid-19). De acordo com a entidade, as evidências científicas mostram que o medicamento não reduz a mortalidade em pacientes contaminados pelo vírus.
“Hoje, há cinco minutos, nós finalizamos uma ligação com todos os pesquisadores no ensaio. Com base nas evidências disponíveis, a decisão tomada foi de parar a randomização com o ensaio da hidroxicloroquina”, pontuou a médica Ana Maria Henao Restrepo, do programa de emergências em saúde da organização.
Essa decisão da OMS se refere aos testes dentro dos ensaios ‘Solidariedade’, uma iniciativa global que estuda tratamentos eficazes contra a Covid-19.
No dia 25 de maio, a OMS já havia determinado a paralisação dos testes com a substância que, atualmente, é utilizada para tratar doenças autoimunes e alguns tipos de malária. Entretanto, na época, depois de alguns dias, a entidade autorizou a retomada dos ensaios.
‘Solidariedade’
Os ensaios do programa ‘Solidariedade’ foram revelados pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no dia 18 de março. Vários hospitais, no mundo inteiro, fazem parte da iniciativa.
No dia 25 de março, segundo a OMS, já haviam cerca de 35 países recrutando pacientes para estudos em mais de 400 hospitais ao redor do mundo. A organização afirma ainda que a iniciativa pode diminuir em 80% o tempo necessário para ensaios clínicos, que geralmente levam anos para serem desenhados e conduzidos.
Qualquer adulto positivo para o novo coronavírus, que seja internado em um hospital participante, pode participar das pesquisas. Os pacientes são distribuídos de forma aleatória, com o auxílio de um computador, entre 5 opções distintas de tratamento. São elas:
1°.Um grupo de pacientes recebe apenas a forma de tratamento padrão, conforme o local onde está internado.
2°.O segundo grupo recebe essa forma de tratamento + o antiviral remdesivir, que já foi testado contra o ebola e apresentou resultados promissores contra a Sars e a Mers, também causadas por vírus da família corona, a exemplo do novo coronavírus.
3°.O terceiro grupo recebe o tratamento padrão + a hidroxicloroquina (suspensa agora pela segunda vez).
4°.O quarto grupo recebe o tratamento padrão + os antivirais lopinavir e ritonavir, usados para tratar o HIV. No entato, ainda não há evidências de que sejam eficientes no tratamento ou prevenção da Covid-19, frisa a OMS.
5°.Já o quinto grupo, recebe o tratamento padrão + interferon beta-1a (substância usada para tratar esclerose múltipla).
Antes do “sorteio” do tratamento, o paciente é avaliado por uma equipe médica para descartar medicamentos que definitivamente não poderiam ser dados no caso específico dele.
No território brasileiro, os ensaios do Solidariedade são coordenados pela Fiocruz.
Novo medicamento contra a Covid-19
O diretor-geral da OMS, bem como o diretor de emergências da organização, Michael Ryan, também falaram sobre o corticoide que demonstrou ter efeito positivo no tratamento de casos graves de Covid-19. Ambos frisaram que a substância só deve ser usada por pacientes em estado severo da doença, e que as pessoas NÃO devem usar a medicação por conta própria ou para prevenir a doença.
Ademais, os diretores ainda ressaltaram que mais estudos são necessários para entender o mecanismo de ação da substância.
A eficácia do remédio foi apontada por pesquisadores dos ensaios “Recovery”, liderados pela Universidade de Oxford, mas nenhum estudo científico com os resultados foi publicado ainda.
“Essa droga é um anti-inflamatório muito, muito poderoso. Pode resgatar pacientes que estão em condição muito grave, quando os pulmões e o sistema cardiovascular estão muito inflamados. Ela permite, talvez, que os pacientes consigam oxigenar o sangue em um período muito crítico, ao rapidamente reduzir a inflamação em um período muito crítico da doença”, pontuou o diretor de emergências.
“Não é um tratamento para o vírus em si”, explicou Ryan. “Não é uma prevenção. Na verdade, esteroides, principalmente esteroides poderosos, podem ser associados à replicação viral. Em outras palavras, eles podem facilitar a divisão e a replicação do vírus”, complementou.