A crise na economia brasileira fez 16.897 empresas baianas fecharem as portas em 2016. Nos últimos dez anos, a quantidade de fechamentos mais do que dobrou e atingiu o recorde da série histórica divulgada pela Junta Comercial da Bahia (Juceb). Os setores de comércio e serviços foram os mais afetados, com 14.118 mil empresas, o que corresponde a 83,5% do volume total de empreendimentos que fecharam as portas no último ano (veja detalhes nos infográficos).

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Nos últimos 10 anos, a Bahia também registrou o menor número de abertura de novos negócios, de acordo com um levantamento feito pelo CORREIO, a partir dos dados divulgados pela Juceb. “O fechamento, sem dúvida, foi maior este ano por conta da crise, mas também porque, do final de 2015 para cá, houve uma desburocratização maior para dar baixa nas empresas”, explica o presidente da Juceb, Antonio Carlos Tramm, ressaltando a possibilidade de transferir para o empresário o passivo da empresa.

Muitas destas empresas foram abertas no período que antecedeu eventos esportivos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. “As pessoas acabaram apostando nisso, mas não conseguiram se sustentar com a situação econômica que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos. Foi um surto muito grande de empresas que não tiveram condições de continuar”, analisa.

Planejamento

Para o superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-BA), Adhvan Furtado, o momento ainda é de cautela para quem pretende manter um negócio em operação. Segundo dados de uma pesquisa nacional feita no final do ano pela entidade com 2 mil empresas que fecharam as portas, 31% apontaram o alto custo operacional como o principal fator que levou ao fechamento do negócio. Em seguida, veio a falta de demanda (29%), problemas financeiros (25%) e de gestão (25%).

“Na Bahia, os motivos são os mesmos. O momento ainda pede que o empreendedor tenha um foco e uma atenção redobrada sobre todo o planejamento financeiro”, destaca Furtado. “É preciso ter um cuidado forte com os clientes, visto que eles ficam mais seletivos com a crise, negociar muito bem com todos os fornecedores e evitar desperdícios. É fazer mais com menos”, acrescenta ele.

Novas empresas

Na tentativa de remar contra a crise, pelo menos 24.946 mil empresas foram abertas em 2016. Muitas delas como uma alternativa ao desemprego, como enfatiza o superintendente do Sebrae-BA, Adhvan Furtado. No ano passado, houve uma queda de 6,15%, em relação às 26.583 registradas em 2015. O Brasil tem hoje cerca de 12 milhões de desempregados, de acordo com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad).

Os segmentos que mais apostaram em um novo negócio foram justamente os que mais perderam. O setor de prestação de serviços abriu 1.0257 mil novos empreendimentos, seguido do varejo com 9.262 mil. “Mais do que nunca, esse empresário novo que está entrando por uma necessidade vai precisar se adequar ao cenário de crise e ser bom no planejamento e na gestão dos recursos. Ou seja, ter uma visão além da atividade fim, mas do negócio como um todo. Para isso é importante se capacitar e entender o lado da gestão financeira, porque a concorrência está muito forte”, aconselha Furtado.

Os setores de comércio e serviços foram os mais afetados. Foto: Divulgação

Fonte: Correio

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