Foto: Lílian Marques/ G1Estação Pirajá vazia nesta quinta-feira.

Muita gente se antecipou e deixou para sair de casa depois das 8h da manhã, nesta quinta-feira (11), em Salvador. Isso porque as paralisações nos serviços – principalmente no transporte público urbano – era um dos alvos do Dia Nacional de Lutas, uma mobilização nacional de diversas categorias de trabalhadores.
Não foram registrados casos de violência nas manifestações.

Ônibus

Na capital baiana, logo às 4h da manhã, rodoviários começaram a chegar na portas das garagens das empresas de ônibus, mas não para trabalhar. Eles ficaram concentrados em frente às empresas até as 8h, quando os coletivos começaram a circular pela cidade.

Enquanto isso, a situação era atípica para um início de manhã em Salvador. A cidade tinha trânsito tranquilo e pouca movimentação de pedestres. Na Estação Pirajá, onde normalmente desde cedo, há "disputa" de passageiros para conseguir entrar nos ônibus, os usuários só começaram a chegar em maior número a partir das 8h.

"Os rodoviários que fazem a cidade existir. Vamos sair às 8h para o povo ir para a manifestação", disse o sindicalista Raimundo Carneiro. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, em dias normais, 30% da frota de ônibus circula às 4h em Salvador.

Apesar da maioria dos passageiros ter atrasado a saída de casa, o cozinheiro Edvaldo Souza arriscou. "Peguei no noticiário que só a partir das 8h, mas mesmo assim saí cedo para me aventurar porque tenho médico. A consulta é no Hospital do Subúrbio, pega a senha na hora, eu queria chegar lá cedo. Agora tenho que aguardar", disse em entrevista, ele que chegou à Estação Pirajá antes das 6h.

"Moro perto da Estação Pirajá e trabalho no Iguatemi. Saí mais tarde e cheguei aqui por volta de 8h, porque já sabia da paralisação. Eu avisei aos meus patrões. Meu horário é 9h, acho que chego umas 10h", disse a empregada doméstica Lourença Santos.

Outros foram pegos desprevenidos. "Saí do trabalho e peguei o último pernoitão 3h30. Cheguei na Estação [Pirajá] pra pegar um ônibus para ir para casa, no bairro da Liberdade. Não sabia da paralisação", relatou o porteiro Gilberto Santos.

Aos poucos, os ônibus começaram a circular em Salvador.

BR-324 também ficou fechada.

Estradas

Mais de dez categorias em Salvador anunciaram participação na série de manifestações que aconteceram nesta quinta-feira em todo o Brasil. Parte deles foi para as rodovias que cortam o estado. Integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), além de sindicatos de metalúrgicos e químicos estavam entre os que se manifestaram nas estradas.

Na Via Parafuso (BA-535), que dá acesso ao Pólo Industrial de Camaçari, sindicalistas impediram a passagem de ônibus com trabalhadores. A via foi fechada nos dois sentidos. Sindicatos dos Químicos e dos Metalúrgicos usaram cartazes, faixas e bandeiras para chamar a atenção de quem passava pelo local. No começo da manhã, já havia engarrafamento na pista. Para se livrar o bloqueio, alguns motoristas se arriscaram pela contramão e fazendo desvios probidos na pista molhada.

O trânsito ficou caótico também na saída de Salvador pela BR-324, logo cedo. Também houve bloqueio na região de Feira de Santana. Logo no trecho que sai da capital baiana em direção ao interior do estado. Integrantes de duas centrais sindicais fecharam as pistas e só uma faixa da rodovia, que liga Salvador a Feira de Santana, tinha passagem em alguns momentos para os veículos. O ato foi pacífico e acompanhado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A BR-324 também ficou fechada, pela manhã, nos Km 518 (Feira de Santana) e 605 (Simões Filho), locais que foram ocupados por manifestantes.

Também no trecho de Feira de Santana, houve atos no Km 427 da BR-116, onde o MST fechou a rodovia. Em Barreiras, o MST também fechou a BR-242, no Km 830 da rodovia.

O MST se mobilizou ainda na BR-101, na região sul do estado, trechos de Eunápolis e Teixeira de Freitas.
Na estrada Cia-Aeroporto (BA-258), foram moradores de um conjunto habitacional que fecharam a pista nos dois sentidos. Eles pediram mais saúde, escola, transporte, centro comercial e escolas. Cansados, os motoristas desceram do carro, esperando o protesto acabar. O protesto causou cerca de três quilômetros de congestionamento. Um dos maniestantes se exaltou e foi contido pela Polícia Militar. O bloqueio durou cerca de quatro horas.

A BA-099 (Estrada do Coco) também foi bloqueado durante a manhã, na entrada de Abrantes, no sentido Sergipe.

Serviços

No centro da cidade, a maioria dos bancos não abriu pela manhã. A equipe de reportagem passou por agências do Itaú, Bradesco e Banco do Brasil no bairro do Garcia, Canela e Avenida Sete. Nenhuma delas estava funcionando. Clientes informaram que conseguriam atendimento normal em bancos no bairro da Pituba, fora da área de protestos no centro da cidade.

O comércio na Avenida Sete de Setembro ficou praticamente todo fechado. Poucos estabelecimentos abriram as portas. Até mesmo os camelôs não montaram suas barracas nesta quinta-feira. O mesmo aconteceu na Avenida Carlos Gomes. Havia policiamento na rua e não houve registro de confusões ou tumultos.

As lojas do shoppings funcionaram, mas alguns bancos dentro dos centros comerciais ficaram fechados.
Muitas escolas também não tiveram aula nesta quinta-feira. A equipe de reportagem percorreu Manoel Novaes, no Canela; Odorico Tavares, no Corredor da Vitória; Sacramentinas, Antônio Vieira e 2 de Julho, no Garcia; Luiz Viana e Manoel Vitorino, em Brotas.

Segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado, o dia de mobilizações não alterou o funcionamento dos hospitais. O mesmo informou a secretaria municipal sobre os postos de saúde da capital baiana.

Caminhada

Por volta das 12h desta quinta-feira, diversas categorias se concentram na Praça do Campo Grande. Eles seguiram em caminhada em direção à Praça Municipa, passando pela Avenida Sete e Praça Castro Alves. Tudo aconteceu de maneira pacífica. *G1