Empossado nessa quarta-feira (3/4) como novo ministro dos Transportes, o ex-senador baiano César Borges, que é líder do PR na Bahia, tem desafios administrativos e políticos a partir de agora, conforme sinalizado no discurso da própria presidente da República, Dilma Rousseff (PT), durante a cerimônia e também pelas movimentações de bastidores.
No ato de posse nessa quarta-feira (3/4) foi confirmada a aposta da presidente Dilma para que o republicano acelere projetos e melhore as condições da malha viária, o que deve impactar na economia brasileira nos próximos anos.
O próprio ministro destacou em entrevista, após o ato, que a presidente pediu para ele “pisar no acelerador” para colocar em prática os planos do governo para melhorar a infraestrutura logística, e que essa será sua “prioridade”.
O novo ministro demonstrou que está disposto a enfrentar os gargalos do setor de Transportes. Com a capacidade administrativa, ressaltada por aliados, Cesar sinalizou que vai lutar para agilizar obras. “A presidente dá a maior importância para que o Brasil avance no processo de diminuir os custos de frete, no processo de desenvolvimento da logística, nos investimentos em logística”, afirmou. Segundo ele, essa é uma necessidade do país. “Há um passivo e esse passivo deve ser enfrentado com muita determinação”, acrescentou.
A melhoria na área de Transportes é uma das grandes expectativas, sendo absolutamente fundamental para o crescimento do país, segundo a chefe do Executivo nacional. Durante a posse de Borges, Dilma defendeu a importância do setor para o Brasil aumentar sua competitividade.
“Nós precisamos de uma estrutura de logística de rodovias e ferrovias muito mais ampla, que ligue toda essa estrutura aos portos do nosso país. Para mim, é muito importante também que junto com essa estrutura… se agregue os aeroportos”, disse.
Uma das ferrovias, conforme já havia sido antecipado, é a Oeste-Leste (Fiol), em solo baiano. Há uma cobrança grande também para que o governo avance na melhoria dos portos e rodovias.
Conforme Dilma, com a ida de Borges para o ministério, o país estaria “ganhando força e ação”. “A desafiadora missão que o ministro assume a partir de hoje é transformar o Brasil em um país moderno e eficiente, mais competitivo e cada vez mais justo”, enfatizou.
“Um país dessa dimensão que não sabe como se conecta rodovias com portos, ferrovias com portos, a estrutura de aeroportos no tecido da malha logística é um país míope, por isso nós tomamos sistematicamente medidas para construir esse saber, que não é do governo, é um saber que passa pelo conhecimento do setor privado”, ressaltou, deixando clara a prioridade e o que será exigido do novo gestor.
O baiano irá substituir outro baiano, Paulo Sérgio Passos, que, embora também filiado ao PR, não era visto por seus correligionários como um representante da sigla na Esplanada. Passos foi indicado por Dilma para integrar a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Na Bahia, além da Ferrovia Oeste-Leste e do Porto Sul, o novo titular da pasta de Transportes deve restaurar a malha rodoviária, a exemplo da BA-120 que passa por Gongogi; BA-880 que inclui também oito pontes na área de São Francisco Paraguaçu; a BA-250; BA-220 entre Euclides da Cunha e Aribicé e a BA-504 entre Araçás e Itanagra.
Ministro baiano nega resistência a seu nome dentro do PR
Na posição de novo ministro do governo federal, em um dos mais “prestigiados” ministérios, César Borges foi uma das apostas da articulação política da presidente Dilma, tendo o peso de decisão da própria para acomodar o PR na base de sustentação e ter o seu apoio firmado no projeto de reeleição em 2014.
Embora o ex-ministro e presidente do partido, Alfredo Nascimento, ressaltasse de forma positiva a nomeação de César, seu nome não gerou a satisfação de integrantes de bancadas, como a de Minas Gerais e São Paulo. Mas a questão foi descartada pelo próprio ministro nessa quarta-feira (3/4). Ele disse não ter notado qualquer “resistência”, e que, pelo contrário, havia “uma situação de conforto” com sua indicação ao ministério.
A referência ao PR foi feita pela presidente, durante o pronunciamento. Segundo ela, o partido compõe a base do governo desde que o ex-vice-presidente, José Alencar, se uniu ao ex-presidente Lula para fazer dobradinha eleitoral, durante dois mandatos.
Ela elogiou a “experiência” política e administrativa do baiano, sinalizando para a tese de que seu nome teria sido o melhor ao avaliar as possibilidades do PR. “O César Borges consolida a participação do Partido da República na nossa coalizão de governo, o que para nós também é muito importante, e o faz de forma extremamente qualificada”, disse Dilma.
O novo ministro já foi deputado federal, vice-governador e governador da Bahia, além de senador. Começou sua carreira no antigo PFL, sendo um dos braços direitos do falecido senador Antonio Carlos Magalhães (ACM).
Ele chegou a fazer oposição ao ex-presidente Lula, no primeiro mandato, antes de se filiar ao PR. Há dois anos era também opositor ao projeto do PT baiano, se aliando ano passado, com a consolidação de seu apoio ao ex-prefeiturável, o deputado Nelson Pelegrino (PT), quando esse enfrentou. Fonte: Tribuna