Após três dias de silêncio sobre a onda de manifestações que atingiu várias cidades do País, a presidente Dilma Rousseff se dirigiu direto à nação, por meio da cadeia de rádio e televisão para propor respostas às principais queixas dos manifestantes. A mensagem de Dilma, de cerca de 10 minutos, foi transmitida para todo o Brasil. Na gravação, a presidente anunciou um plano para o País. "O foco será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de 100% dos recursos do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do Sistema Único de Saúde, o SUS", disse.
“Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do País para um grande pacto em torno a melhoria dos serviços públicos”, prometeu a presidente.
Assista o pronunciamento.
Dilma também afirmou que os protestos "mostram a força da nossa democracia e o dever da juventude de fazer o País avançar", mas que "a violência põe a perder muitas coisas". "O governo e a sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua, tente levar o caos aos nossos principais centros urbanos."
Em sintonia com sua primeira declaração sobre os protestos, na última terça, Dilma tratou com naturalidade a ida das pessoas às ruas e lembrou que sua geração “lutou muito para que as vozes das ruas fossem ouvidas”. A presidente condenou, no entanto, a “violência que envergonha o Brasil”.
“Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos fazer melhor e mais rápido, muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu realizar por causa de limitações políticas e econômicas. Mas se deixarmos que a violência nos faça perder o rimo, estaremos não apenas desperdiçando uma grande oportunidade histórica, como também correndo o risco de colocar muita coisa a perder”, disse a presidente.
Dilma disse que a mudança só pode ser atingida a partir da democracia: "só tornaremos isso realidade se fortalecermos a democracia". "Essa violência, provocada por uma pequena minoria, não pode manchar um movimento democrático", afirmou ela. "Asseguro a vocês: vamos manter a ordem", disse .
"As manifestações dessa semana trouxeram importantes lições: as tarifas baixaram e as pautas dos manifestantes ganharam prioridade nacional. Temos que aproveitar o vigor destas manifestações para produzir mais mudanças, mudanças que beneficiem o conjunto da população brasileira", disse Dilma.
Críticas à hostilidade contra partidos políticos
Dilma também criticou o apartidarismo de parte dos manifestantes, insatisfeitos com a política brasileira. “É um equívoco achar que qualquer país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo democrático”, opinou.
A propagação de protestos tem deixado o governo atônito. Por causa da crise, Dilma chegou a ir a São Paulo para se aconselhar com seu mentor político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e com o marqueteiro João Santana. A presidente também cancelou viagem que faria ao Japão para se ausentar do País por uma semana.
Dilma estava em silêncio e vinha sendo cobrada por parte dos manifestantes. A decisão de se reportar diretamente ao povo vinha sendo estudada desde ontem e foi assunto de reunião ministerial que tomou toda a manhã.