O discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) pode ter reflexos negativos em acordos comerciais e na relação com investidores estrangeiros, conforme avalia o embaixador aposentado com mais de quatro décadas de carreira no Itamaraty, o diplomata Rubens Ricupero. As informações são do portal Exame.

Rubens, que foi Subsecretário da ONU entre 1995 e 2004, quando comandou a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), disse que a negação do desmatamento na Amazônia, proferida pelo mandatário brasileiro, desperdiça o que, para ele, foi o “único trunfo” do Brasil na cena internacional: o prestígio pela condução de sua diplomacia do meio ambiente.

Rubens Ricupero, embaixador aposentado com mais de quatro décadas de carreira no Itamaraty, o diplomata. (Foto: Reprodução / José Cruz – Agência Brasil)

Para Ricupero, o discurso de Bolsonaro foi “desastroso”. Ele ainda destacou que não há paralelo com a participação de outros representantes do País na Assembleia-Geral.

“Antes do discurso, eu já achava que o presidente iria a Nova York, sobretudo em função do público interno, e não do público internacional. Ele fez exatamente isso, tanto que não sou só eu que estou dizendo. Se você tiver o cuidado de ler o ‘tuíte’ do Flávio Bolsonaro, senador e filho dele, vai ver que ele diz exatamente a mesma coisa que eu digo: que o presidente fez, na ONU, o discurso vitorioso nas eleições aqui no Brasil, e por isso os derrotados estão protestando”, pontuou Rubens.

E completou, “nenhum presidente brasileiro jamais fez um discurso desse tipo fora do Brasil. É como lavar a roupa suja fora de casa, de maneira escancarada. O discurso, às vezes, parece mais se dirigir contra os opositores internos do que externos. Mas sobrou para todo mundo: Cuba, Venezuela, França, Alemanha, ONU. Ele atacou todos”, finalizou o embaixador aposentado.

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