“Doce luz, eu sinto seu cheiro de flor, eu sei que você está aqui, sua presença é de amor”, esse trecho faz parte da canção produzida especialmente para a cerimônia de canonização de Irmã Dulce, marcada para 13 de outubro, em Roma. A música, intitulada “Doce Luz”, foi lançada pelas Obras Sociais Irmão Dulce (Osid), através das redes sociais na segunda-feira (29).

A composição é de autoria de Léo Passos e Chico Gomes, e ganha a interpretação do cantor Waldonys, que se apresentará com a cantora baiana Margareth Menezes durante a cerimônia de canonização  do “Anjo bom da Bahia”, como a Irmã carinhosamente é conhecida.

Entretanto, de acordo com a assessoria da Osid, apesar da canção ser feita para a cerimônia oficial, ela vai será interpretada pela primeira vez, com exclusividade, para o público baiano no dia 13 de agosto, durante a festa de Irmã Dulce, que conforme o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, será a data instituída em celebração a Santa Dulce dos Pobres a partir de 2020.

Confira a música na íntegra:

Canonização

A celebração de canonização de Irmã Dulce será presidida pelo Papa Francisco. Em 14 de outubro, dia seguinte à cerimônia, será realizada uma missa na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses, em Roma, na Itália, para agradecer ao dom de Irmã Dulce. Em Salvador, a celebração será na Arena Fonte Nova, no dia 20 de outubro.

Irmã Dulce é a primeira mulher nascida no Brasil que se tornará santa. A canonização foi anunciada em maio deste ano, quando um segundo milagre foi atribuído à intercessão da religiosa.

Para a solenidade, o cerimonial do Vaticano disponibilizou cerca de 15 mil convites para os brasileiros que quiserem assistir à cerimônia. Quem tiver interesse em saber os valores dos pacotes de viagens, pode entrar em contato pelo endereço: [email protected]

A canonização de Irmã Dulce será a terceira mais rápida da história (27 anos após seu falecimento), atrás apenas da santificação de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento da religiosa) e do Papa João Paulo II (9 anos após sua morte).

Graças

Três graças alcançadas por devotos, após orações pedindo o auxílio de Irmã Dulce, estavam sendo analisadas pelo Vaticano, com vista no processo de canonização da religiosa. Esses três casos foram enviados ao Vaticano pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em 2014, após análise de profissionais da própria instituição.

O primeiro milagre foi reconhecido em outubro de 2010, quando Irmã Dulce foi beatificada. Depois disso, iniciou-se o processo para buscar a canonização, quando a pessoa passa a ser considerada santa pela Igreja Católica.

O Vaticano tem quatro exigências quanto à veracidade da graça, até ser considerada milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito.

Frei Galvão, conhecido pelas pílulas milagrosas que, segundo a fé católica, têm poder de cura e que nasceu em 1739, em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, foi o primeiro santo nascido no Brasil a ser canonizado, em 11 de maio de 2007, pelo então Papa Bento XVI.

Madre Paulina, que morava em Santa Catarina, também foi canonizada e ficou conhecida como a primeira santa do Brasil. Ela, no entanto, nasceu na Itália e só veio morar no país com a família aos 10 anos. Com isso, Irmã Dulce se tornará a primeira santa nascida no Brasil.

História e legado

Irmã Dulce, cujo nome de batismo era Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, é recordada por sua obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados. Religiosa da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, a beata nasceu em Salvador, em 26 de maio de 1914.

Desde cedo manifestou interesse pela vida religiosa. Aos 13 anos de idade, passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família – na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré – em um centro de atendimento. A casa ficou conhecida como “A Portaria de São Francisco”, por conta do grande número de carentes que se aglomeravam a sua porta.

Em 1933, a jovem ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, cidade de São Cristóvão, em Sergipe. No mesmo ano, recebeu o hábito e adotou o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe, que se chamava Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes e morreu quando a freira tinha 7 anos.

No ano de 1935, já de volta a Salvador, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começa a atender também os operários que eram numerosos naquele bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia.

Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas na localidade da Ilha do Rato, na capital baiana, para abrigar doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Expulsa do lugar, ela peregrinou durante uma década, levando os seus doentes por vários locais da cidade.

Por fim, em 1949, Irmã Dulce ocupou um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, após autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes. A iniciativa deu origem à história propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro.

Já em 1959, é instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), e no ano seguinte é inaugurado o Albergue Santo Antônio.

A Osid atualmente é um dos maiores complexos de saúde com atendimento 100% gratuito do Brasil, com 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), entre idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pacientes sociais, crianças e adolescentes em situação de risco social, dependentes de substâncias psicoativas e pessoas em situação de rua.

Irmã Dulce faleceu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, em Salvador.

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