A prefeitura de Salvador marcou para esta segunda-feira (3) a retomada escalonada das atividades presenciais nas escolas da capital. Deste modo, gestores de toda a Região Metropolitana passaram a discutir sobre a possibilidade e, embora Simões Filho esteja entre os municípios que decidiram não definir uma data de retorno, o debate em torno do assunto vem sendo ampliada na cidade. Consultadas, professoras e responsáveis de alunos opinaram sobre a possibilidade no cenário de hoje.

Mesmo considerando o ensino remoto cansativo, tanto para os educadores quanto para os alunos, a professora Gal Freire compreende que esse retorno ainda é inviável. Revela também que, durante enquete realizada na escola em que trabalha, a maioria dos pais se mostrou avessa à retomada.

 “As aulas presenciais são mais proveitosas, mas o momento que estamos vivendo ainda não permite que aconteçam. Até porque a gente sabe que os professores em geral ainda não estão imunizados, principalmente os de Educação Infantil”, afirma. Ela opina inclusive que esses educadores em específico deveriam ser priorizados na vacinação contra Covid-19.

Atuando desde 1997 no Colégio Cecília Moreira Lopes, localizado no Cia 1, Gal vê a possibilidade de retomada nos próximos meses com preocupação e alerta para a necessidade de preservação das vidas. “A gente já perdeu muita gente por conta dessa doença. Eu espero que as autoridades estejam bem preparadas para proteger a população, porque é necessário pensar desde a criança ao idoso”, disse.

Ao Bahia No Ar, a direção da instituição privada na qual Gal Freire trabalha informou que suas instalações têm sido totalmente higienizadas, oferecendo máscaras, álcool em gel e aferição de temperatura aos que a adentrarem. Um escalonamento também é planejado para quando a volta às aulas presenciais for determinada pelo poder público, no entanto, pais e responsáveis deverão ter a opção de manter seus estudantes acompanhando as aulas de casa.

Mãe de três crianças em idade escolar, Carlise dos Santos foi surpreendida no ano passado, quando seus filhos precisaram se adaptar ao ensino remoto. Fardadas, suas duas filhas mais velhas se acomodam no quarto para acompanhar as atividades da escola particular Favo de Mel com muita seriedade.  Carlise prefere que sigam assim até que haja vacina para todos.

“Nós como adultos já não conseguimos nos cuidar corretamente, imagine as crianças. Eu e meu marido saímos para trabalhar com medo, tentando seguir todo o protocolo de segurança pra não trazer a doença pra casa. Mandar nossos filhos para a escola agora seria correr ainda mais riscos”, a simõesfilhense destacou.

A mesma opinião é partilhada por Dona Cleonice da Silva, que teme que o neto seja afetado por uma das novas variantes do coronavírus. A idosa já adianta que não enviaria o menino à escola municipal onde está matriculado na atual conjuntura.

Professora aposentada, ela também se preocupa com a saúde dos colegas de profissão. “Eu não estaria de acordo, porque não teve vacina pra todo mundo ainda. A maioria dos trabalhadores da Educação também está correndo risco, então devemos aguardar um pouco, porque até os vacinados precisam de um período para que o imunizante faça efeito”, opinou.

Já Adelia Pereira é professora na Escola Municipal Cleriston Andrade, no Loteamento São Miguel, e relata sentir muita falta do contato direto com seus alunos do quarto ano. “Certamente preferia estar na minha sala de aula, mas todo o cuidado é pouco diante do que está acontecendo”, afirma, dizendo ainda que nem mesmo dividir as turmas tornaria possível uma volta segura neste momento.

A educadora, que antes da pandemia juntava latas para reciclagem e usava a verba nas festas de fim de ano de sua escola, assume não gostar da distância que traz o ensino remoto, mas ainda o vê como necessário até que ao menos os professores estejam vacinados contra a Covid-19. Esse processo de imunização começa apenas hoje em Simões Filho, contemplando trabalhadores da educação pública a partir de 57 anos de idade.

A decisão de não estabelecer uma data de volta das atividades presenciais na cidade foi tomada em reuniões com sindicatos, conselhos e gestão municipal, segundo informa a secretária de Educação Mariza Bomfim. A servidora revelou à reportagem que até que todos os profissionais de educação estejam vacinados, a modalidade a distância terá continuidade.

“Enquanto a gente não tiver os protocolos de saúde e pedagógicos concluídos, é impossível definir uma data de retorno”, disse. Em reunião com o prefeito Dinha Tolentino (MDB) e a secretária de Saúde Iridan Brasileiro, ficou determinado que um plano de ação neste sentido deverá ser apresentado até quarta-feira (5). Posteriormente, será compartilhado com todos os atores da Educação, possibilitando o início das aulas híbridas.  

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