O psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Tavares, que coordenada o núcleo para adolescentes do Centro de Estudos e Tratamento do Abuso de Drogas (Cetad), explica que os efeitos do crack nas crianças e adolescentes são mais fortes que em adultos. “A criança, pela própria constituição física, é mais frágil. O uso continuado de crack traz dados à cognição, danos cerebrais e principalmente problemas nos pulmões”, diz.

Segundo Tavares, a maioria da população não adulta atendida no Cetad tem formação em famílias desestruturadas. “Temos muitos casos de filhos de famílias onde a mãe trabalha para prover o lar e não tem tempo de cuidar dos filhos. Esse contato com o crack infantil acontece mais nas classes sociais que têm pouco acesso à educação, saúde e condições dignas de trabalho”, diz o especialista.

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Para Tavares, o êxito na tarefa de retirar os menores da situação de risco passa, necessariamente, por uma iniciativa com caráter duradouro. “A chamada internação compulsória, quando a pessoa é retirada contra a vontade para fazer o tratamento, é um erro. O indivíduo que precisa de apoio para sair do vício necessita de apoio multidisciplinar e gradual”, opina o psiquiatra.

O especialista indica que a estratégia de intervenção mais adequada para os usuários de crack, principalmente os menores, é baseada em ações sociais e não apenas do tratamento clínico. “Não se pode pensar apenas em tirar o usuário do seu meio social e colocá-lo em um abrigo. Tem que primeiro se aproximar dele, fazê-lo se responsabilizar pela sua própria saúde, até levá-lo a internação, quando ela for recomendada. Além disso, é preciso um trabalho onde essa pessoa mora, para que ele não ache igual a quando saiu”, finaliza.Fonte Correio