No início da tarde desta quinta-feira,30, durante a segunda edição do programa Bahia No Ar (transmitido pela Rádio Sucesso 93.1), o repórter Valfredo Silva conversou com Jassandra de Oliveira, ela é sobrinha de Mariene Menezes de Oliveira,de 36 anos, que foi morta pelo ex-marido, em Simões Filho, no sábado, 25.

De início, Jassandra deixou um recado para todas as mulheres que têm convivido com uma realidade de ameaças e agressões. “Estou aqui hoje pedindo para que as mulheres que estejam ocorrendo agressões, tentativa de homicídio, que venham procurar apoio, que procurem aqui em Simões Filho, para quem mora aqui, existe a secretaria da Mulher que disponibiliza apoio pra isso, que elas acordem e venham para que não deixem impune”, ressaltou.

A sobrinha da vítima contou que, após a morte da tia, a família tem recebido apoio do Centro de Referência da Mulher (CRAM), do município.

“[Eles] disponibilizaram psicólogo, disponibilizaram toda ajuda que a gente precisa. Até hoje vai continuar, porque elas se tornaram membro da família, pelo fato de prestar todo apoio que a gente precisa. Minha tia veio aqui, quando ela saiu daqui ela se sentiu melhor, pelo jeito que ela chegou lá”.

No entanto, apesar do trabalho feito pelo centro, Jassandra relata a importância e a consequente necessidade da implantação de uma Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, na região.

“Nós precisamos de uma Delegacia da Mulher urgente. Que o prefeito, que o governo, a secretaria pública, que eles venham ajudar a gente, trazer essa delegacia pra que preste mais suporte a esse órgão que o CRAM aqui de Simões Filho; que possa vir e traga essa ajuda, eles precisam disso”, alertou.

Questionada pelo repórter sobre como a família tem reagido ao crime, Jassandra falou sobre o sofrimento de ter perdido a tia, mas trouxe à tona a possibilidade, mesmo que dolorosa, de que o caso dela pode ter despertado a coragem em outras mulheres que estão sendo vítimas de torturas físicas e psicológicas.

“Infelizmente ela se foi, ela não ficou. Mas, hoje a gente esteve na delegacia e duas mulheres já estavam lá denunciando, possa ser que seja referente ao exemplo que ela deu, porque ela foi uma grande mulher para todos nós e continua sendo. A gente não vai parar de lutar, eu mesmo vou continuar lutando”, enalteceu.

Sobre as denúncias citadas na fala de Jassandra, em um dos casos, segundo ela, a mulher já tinha alguns meses sendo agredida e tomou a iniciativa de informar a mãe, que até então não tinha conhecimento do fato. Porém, nesse momento, Oliveira volta a  destacar as consequências da falta de uma Delegacia da Mulher na localidade. ‘Ela [a mulher da denúncia] chegou lá e agora está aguardando. Infelizmente, o problema é esse aguardo”.

“No dia do ocorrido foram prestar queixa mas infelizmente não tinha delegado, em pleno acontecido desse a delegacia de Simões Filho deveria ter um delegado, [o caso] foi encaminhado para Camaçari. Quer dizer, deixou o pessoal da família esperando, todo mundo abalado, querendo justiça e infelizmente teve que sair daqui, se deslocar de um município para o outro pra poder acontecer a denúncia, isso não tem que aceitar, tem que ter delegado, tem que ter delegacia da mulher”, desabafou.

O ex-companheiro de Mariene e acusado pelo crime segue preso, conforme já tinha sido confirmado pelo delegado titular da 22° Delegacia de Simões Filho, Dr. Leandro Acácio, em reportagem concedida ao Bahia No Ar na segunda-feira, 27.

“Continua preso, está em Camaçari. Ele teve audiência de custodia e estamos aguardando. Quero agradecer ao delegado de Camaçari, ele está prestando todo apoio a gente, sempre nos deixando informado”, informou.

Relacionamento

Na ocasião, Jassandra comentou sobre como andava o relacionamento entre Mariene e seu ex, ressaltando até que ele já tinha outra companheira.

“Ele não saia de lá do condomínio. Ele tinha uma pessoa, estava em outro relacionamento. Ele fazia transporte alternativo e sempre estava passando por lá, comprava produtos onde ela [Mariene] trabalhava. Mas, de um mês pra cá, ele já estava perseguindo ela. Ela teve uma audiência na Defensoria Pública para que ele saísse de dentro de casa, porque ele não queria sair, e ele queria ter direito no apartamento, queria ter direito nas coisas dela. Então, teve essa audiência e foi validado a audiência no dia 29 do 10 [outubro], que ele tinha que sair [do imóvel] até o dia 31 de dezembro, mas ele saiu antes. [Após a audiência eles] dividiram os móveis, tudo amigavelmente e desse dia pra cá, a partir de duas semanas, ele já vinha perseguindo ela, ficava atrás dela, procurando saber horários, ficava lá rondando o apartamento dela”, contou.

Sobre os problemas de saúde do homem, Jassandra pontuou: “Ele teve alguns acidentes, no último acidente ele ficou vegetando em cima de uma cama, ela limpou fezes, ela deu comida e todos, não só da família, mas os amigos também, fizeram rifa beneficente, pedimos ajuda, ela correu atrás para poder aposentar ele e hoje ele tem a vida, em primeiro lugar graças a Deus, mas a ela também. Ela se doou cinco anos da vida dela somente para cuidar dele e ele não teve um pingo de gratidão. Ele não teve um pingo de gratidão nem por ela, nem pela minha avô, nem por ninguém da nossa família”, desafogou.

“Que ele seja preso, julgado, como devidamente a lei, pela Justiça. A gente sabe que a justiça de Deus vem, ela não falha, ela nem tarde nem falha, vem no tempo certo, mas a justiça dos homens as vezes tem aquela breja, eu espero que seja feita a justiça ele fique preso e pague pelo que ele cometeu.

Ato

No dia 16 de fevereiro, Jassandra informou que está sendo promovida uma caminhada para pedir justiça, homenagear a tia e, sobretudo, chamar atenção para que novos casos sejam evitados.

“Quero pedir que todas as mulheres, todas as mulheres, homens também que são contra o feminicídio, as autoridades, quem quiser vir, que nos ajude no dia 16, na praça da Nova Pitanga, Jaqueira, a partir das 9 horas. Venham, divulguem, falem, não se calem jamais, feminicídio basta”, finalizou.

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