A vereadora Professora Angélica (PP) reiterou nesta quarta-feira (6) em entrevista ao programa Largando o Doce, do grupo Bahia no Ar, as acusações de que sofreu racismo e foi assediada moral e sexualmente pelo vereador Dentinho do Sindicato (PT) no plenário da Câmara Municipal de Camaçari.

Nesta terça-feira (5), a vereadora já havia informado ao Bahia no Ar que entrou com uma representação contra o colega.

Angélica, no entanto, voltou a afirmar que, além de ter sido assediada, foi chantageada com um cheque que usou na compra de cadeiras para um colégio do município em 2018.

A vereadora prometeu divulgar um vídeo em que Dentinho quis fazê-la mudar de assento no plenário. Em entrevista a Roque Santos, o vereador negou as acusações e se disse surpreso com as falas da colega (leia mais abaixo).

“Ele vem o tempo inteiro pra cima de mim, me maltratando em plenário. Muitos pares já presenciaram. Ele fala o tempo todo que vai me tirar da cadeira. Que vai me mostrar que ali eu não sento, que ali não é meu lugar, e eu tenho que passar para o outro lado”, disse Angélica.

Segundo ela, as investidas de Dentinho começaram desde que o seu partido migrou para a base do governo. “Depois disso, ele me chantageou com um cheque, me ameaçando, que eu tinha que pensar que eu continuar no meu partido ou não. Ou ele viria à tona com esse cheque”, acrescentou Angélica.

“Eu fiz uma compra de R$ 120 mil em cadeiras com uma pessoa chamada Marcelino. Ele não me entregou as cadeiras. Quando chegou esse período de Covid, ele ficou dando desculpa. Chegou ao ponto de eu registrar um boletim de ocorrência contra ele. Ele foi chamado na delegacia, marcou para devolver o dinheiro. Ficou tudo legalizado, perante a lei, que ele tinha que me pagar”, narrou.

Angélica diz que, ainda assim, continuou a ser intimidada pelo vereador. “Eu dei cinco cheques, e os outros cheques já tinham compensado. Esse cheque chegou às mãos do vereador, e o vereador começou a me ameaçar na Casa. Eu tentando explicar a ele a questão qual era. Mas todos os dias ele me perguntava a mesma coisa: se eu ia continuar no partido ou o que ele ia fazer com aquele cheque”, contou.

A vereadora disse que decidiu então enviar a Dentinho um documento comprovando a resolução do problema. “Depois disso, ele parou, porque não tinha com o quê ele me ameaçar. Mas, toda vez que eu chegava na plenária, ele começava a me ameaçar, para que eu me retirasse da cadeira, já que eu estava na base do partido do prefeito.”

De acordo com Angélica, Dentinho também falou de suas roupas durante um evento em que ela estava acompanhada do marido na Câmara. “Ele chegou e falou pra mim que, seu eu fosse mulher dele, eu não vestiria uma roupa daquela, me ameaçando novamente. E várias vezes ele vai pra cima de mim por causa de minhas roupas”, disse a vereadora.

“Eu já disse a ele que mulher veste o que quiser”, afirmou Angélica.

“Denúncias surpreendem”, diz vereador

Também em entrevista ao programa Largando o Doce, o vereador Dentinho se disse surpreso diante das acusações de Angélica. Ele nega tê-la assediado e cometido qualquer ato de racismo contra a vereadora. Segundo ele, pelo fato de a colega ter se aliado ao governo, fez apenas colocações de cunho político e de “bastidores”.

“Eu tive uma conversa com Angélica na boa. Essas denúncias aí me surpreendem. Não é regra, mas na Câmara tem um espaço que fica um pessoal de esquerda. Aí eu falei com Angélica: ‘parceira, você já é do outro lado do governo, vá pro outro lado, pra gente ficar aqui’. A nossa discussão foi em cima disso”, defendeu-se o vereador.

“Me surpreende ela me dizer que eu chamei ela de ‘neguinha’, não sei o quê. Se ela tem o vídeo, manda ela botar. Porque, assim, não é nem prática minha chamar ninguém de ‘neguinho’, e isso é coisa que eu não defendo. Quem me conhece sabe disso. Por isso, estou muito tranquilo. Eu não fui notificado ainda. Deixe as coisas acontecerem”, continuou Dentinho.

“Sou negro, sempre defendi isso, olhe meus projetos na Câmara”, declarou o vereador.

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