Desde que as restrições de mobilidade passaram a vigorar, em decorrência da pandemia do novo Coronavirus no Brasil , as redes sociais estão tomadas como nunca, por transmissões ao vivo de eventos políticos. A coincidente propagação da praga viral no ano das eleições municipais, pegou de surpresa tanto candidatos (as) desconectados (as), quanto os (as) aficionados (as) pelas lives. O fato é que grande parte da corrida eleitoral deste ano deverá ser disputada no terreno virtual, onde igualdade de condições é fake news.
Para os (as) candidatos (as) descolados (as) e digitalmente incluìdos (as), cujo o manuseio das tecnologias, a presença nas redes sociais e o uso de aplicativo de reuniôes já fazem parte do cotidiano, a conjuntura potencializou o palanque. Por outro lado, existe ainda, principalmente nas candidaturas às cadeiras nas Câmara Municipais, várias lideranças de comunidades populares que se conectam com a realidade do seu povo, apenas de modo presencial. Dificil reverter esse quadro em tão pouco tempo. Até por que, não resolve o problema ter uma liderança capacitada repentinamente para tornar-se até um digital influencer e sua base eleitoral permanecer offline.

A eleição de 2020 pode ser a mais desigual entre os (as) concorrentes. Há quem ingenuamente pense o contrário. A pandemia tornou mais evidente nossas violentas distancias sociais. Isso se reflete também no acesso à tecnologia. São os (as) mais pobres que encontram maiores dificuldades em adquirir planos de Internet banda larga, muitos (as) dos (as) quais, só frequentam a web esporádicamente e fora do ambiente doméstico. Não á toa, esse tem sido um dos grandes entraves para a oferta universal de aulas remotas no ensino público de todo o país durante a quarentena.
Diante deste horizonte econômico e social totalmente incerto, onde a garantia da sobrevivência será a principal preocupação, o eleitorado mais vulnerável não ficará a bater cabeça para viabilzar a participação em atividades virtuais de campanha. Eis que as máquinas municipais , cujos mandatários (as) e ou correligionários (as) estarão na arena das eleições, facilmente podem contatar esse (a) municípe vulnerabilizado (a) e acenar com benefícios assistenciais, o que evidentemente desquilibra a disputa em prol das candidaturas atreladas aos governos dos municípios aqui e acolá .
A euforia de algumas candidaturas com menor capacidade logística, diante da falsa paridade que a disputa eleitoral on-line estabelecerá, aos poucos será frustrada pela violência da realidade desigual que se desnudou mais ainda durante a pandemia .
A grande contradição imposta no contexto da Covid-19 em ano de eleições municipais, é o distanciamento dos postulantes aos cargos de prefeito (a), vice-prefeito (a) e vereador(a), do seu eleitorado potencial, em uma eleição marcada pela cultura do abraço e contato olho no olho. As autoridades municipais são geralmente as mais próximas da população e essa relação tem inicío durante o processo eleitoral, onde são firmados compromissos de corpo presente.
Se o calendário eleitoral for mantido, já em julho durante as conveções partidárias, o formato à distância do lançamento das candidaturas, dará uma boa medida do que virá a seguir. As conveções tradicionalmente mobilizam multidões , puxadas pelos partidos e suas candidaturas, no que virou uma espécie de aperitivo da campanha eleitoral. Certamente, a atmosfera esse ano será outra, voltada para o recrutamento de contatos e geração de trafégo nas plataformas.
Diante da realidade imposta pelo distanciamento social e as ferramentas à disposição para fazer a campanha eleitoral, não há espaço para muitas alternativas. Mantido o calendário ou não da eleição, salvo algum fato novo, como o advento de uma vacina segura contra o Coronavirus, haverá disputa e quem melhor explorar as tecnologias para transmitir a mensagem ao seu público alvo, estará no pareo.

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