Em sua coluna publicada nesta sexta-feira (12), no Jornal Correio*, o editor de Esporte Eduardo Rocha traz uma entrevista com o ex-técnico tricolor Jorginho. O treinador fala sobre a goleada sofrida no último BaVi, a necessidade de reforçar o elenco do Bahia, o desgaste no relacionamento com os jogadores e uma suposta briga com o atacante Souza.

"Teve aquela discussão no treino, eu achei que ele tinha me xingado e ele disse que não. Acabou ali”, explicou Jorginho, que se encontra agora em período sabático e só deve trabalhar no início do Brasileiro. Confira:

Você sempre foi muito sincero, falava sobre vários assuntos abertamente. Acha que pagou por não ser político?

– Sou bem pouco político! Acho o seguinte: é como aí na sua empresa. Se trabalhar sério, vai dar resultado. Se tiver muito nhem, nhem, nhem, não vai funcionar. Sou muito profissional, isso é que é. Acho que talvez eu pague o preço por isso.

Você disse que não ia pagar o mesmo preço da Portuguesa…?

– Na Portuguesa foi o seguinte: sugerimos uma lista, não veio ninguém. Aí, tem o primeiro, segundo, terceiro nomes, o cara traz o quinto. Começa a ter muito risco. Você liga prum amigo que te dá umas dicas, mas com ressalvas. Difícil.

Aconteceu por aqui?

– Talvez tenha algumas coisas que me decepcionaram. Acredito demais nas pessoas, e quando elas não fazem aquilo que se espera e não falam: ‘olha, não vai dar para fazer’, complica.

Te prometeram e não cumpriram?

-Foi um desgaste natural. Talvez eles tenham outro pensamento. Eu quero sempre engrandecer o clube. Talvez eles tenham visto, dentro da realidade do clube, que o caminho era outro.

Esse desgaste começou no Nordestão?

– O Campeonato do Nordeste era a melhor forma de medir o elenco para o Brasileiro… tentei colocar todo mundo que não estava jogando para jogar, porque eu tinha um time só.

O rodízio era devido a isso?

-A ideia era ver os jogadores em ação. E também tinha o caráter de prevenir as lesões, que diminuíram muito.

E os três volantes?

– As pessoas veem só o resultado final. Tem que ver as características dos jogadores. Hoje, não tem como mudar isso. Com o time que tem lá, não dá. É duro, cara! Vai ganhar de 1×0, 2×1, mas é isso. Aconteceu ano passado.

Marquinhos Gabriel te deu uma opção?

– O ideal seria Marquinhos e Gabriel. Estaria perto do ideal. Mas o Marquinhos vai ajudar muito pelo lado esquerdo futuramente.

Adriano ainda parece distante do ideal…?

– Adriano é o seguinte: ele precisa de tempo para voltar ao normal…

O que seria normal?

– Quando um cara sai, passa muito tempo fora e volta ao Brasil, ele precisa de um tempo para fazer tudo o que não fez. É muita repressão. Não tem isso, não tem aquilo, não pode isso. Tem que dar tempo ao tempo. Fazer churrasco todo dia… um mês. Depois, acho que ele vai ajudar muito o time.

Dá pra finalizar com o caso Souza?

– Souza jogou a Copa do Nordeste, fez 5 jogos, 1 gol. Obina chegou, era seis por meia dúzia. Não dá pra jogar os dois juntos. Cheguei pro Souza e falei: ‘vou dar uma chance ao Obina. Continua treinando que você vai ter sua chance’. Foi só isso. Depois, teve aquela discussão no treino, eu achei que ele tinha me xingado e ele disse que não. Acabou ali. Fonte: IBahia