Olhos vermelhos, mas voz firme. Foi assim o pronunciamento da presidente Dilma Roussef após a votação na Câmara de Deputados, que deu abertura do processo de impeachment. “Sinto-me injustiçada da forma absurda que se acusa alguém por algo que não é crime. Assisti todas as intervenções e não vi uma discussão sobre o crime de responsabilidade, que é a única maneira de se julgar um presidente no Brasil. A constituição estipula que é necessário o crime para que seja afastado do cargo de presidente. Eu recebi 54 milhões de votos e me sinto indignada com a decisão da admissibilidade do meu impeachment”, disse Dilma.

Ainda em discurso, a presidente aproveitou para alfinetar mais uma vez o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) “Estou com a consciência tranquila esses atos que pratiquei. Não os fiz ilegalmente, e o pior é que todos sabem que é assim. Não há contra mim nenhuma acusação de desvio de dinheiro público, enriquecimento ilícito. Não tenho contas no exterior”. Ela também não deixou de fora o seu vice, Michel Temer (PMDB-SP): “É extremamente estranho, inusitado, estarrecedor que um vice-presidente no exercício do seu mandato conspire contra a presidente abertamente. Em nenhuma democracia do mundo uma pessoa que fizesse isso seria respeitada, porque a sociedade humana não gosta de traidores”, disse Dilma.

 

Finalizando o pronunciamento, a presidente fez questão de afirmar que não vai desistir. “Tenho animo, força e coragem suficiente para enfrentar, apesar que com sentimento de muita tristeza, essa injustiça”, concluiu Dilma.

 

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