Com gols marcados ao fim de cada tempo, e seguindo a mística tricolor de sempre levar aquela dose de emoção para os minutos finais, o Bahia venceu o Ceará por 2 a 1 na noite desta quarta-feira, em partida disputada na Arena Fonte Nova, pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mesmo superior ao adversário, o Tricolor penou para marcar os seus gols, sofreu um logo aos sete minutos de partida, mas conseguiu se recuperar e sair com um grande resultado. O triunfo praticamente garante a equipe baiana na Primeira Divisão.

Em entrevista coletiva após a partida, o técnico Enderson Moreira analisou o desempenho do time e viu um Bahia bem superior ao adversário.

“O Bahia, se não foi o time que mais jogou foi um dos que mais jogaram. O poder dos atletas de manter o nível de competitividade é impressionante. Não me lembro… Antes de mais nada, quero enaltecer esse grupo, pela dedicação, empenho, capacidade de enfrentamento, que é a coisa que eu mais cobro deles. Está difícil? Dê um passo à frente. Vá lá, dispute, jogue, tente fazer, porque só assim a gente sai de algumas situações que podem ser complicadas. Enaltecer o trabalho dos atletas. Eu tenho uma visão um pouco diferente, porque vivo do futebol e preciso encontrar resultados e algumas observações, independente do resultado mesmo. Eu acho que a equipe do Bahia hoje foi extremamente superior à equipe do Ceará, criou muitas oportunidades, jogou no campo do Ceará quase o jogo inteiro, proporcionou pouquíssimos contra-ataques. E mesmo com uma equipe que é muito bem montada pelo Lisca, equipe que tem uma transição muito forte, que marca muito bem, conseguimos criar situações, mesmo saindo atrás no placar, com paciência. E a gente precisa enaltecer os atletas, que se empenharam muito. Muitas vezes não entende por que a gente mantém alguns atletas, mesmo que tecnicamente tenha caído um pouquinho. Porque a gente não pode pegar um jogador que jogue mal um jogo e colocar outro no dia seguinte, porque você vai criar uma instabilidade enorme. Então o jogador entra em campo e não pode jogar mal? Ele tem o dia dele. Às vezes, as coisas acontecem positivamente, tem vezes que não. O importante é que possam continuar tentando, tendo a nossa confiança, e é essa mensagem que eu tento passar, que a gente possa abraçar esse grupo”, disse Enderson.

Na etapa inicial, mesmo após sofrer gol cedo, o Bahia teve mais volume de jogo e criou uma série de oportunidades, mas só foi marcar no fim, com Zé Rafael. No segundo tempo, o Tricolor seguiu com domínio de campo e balançou as redes na última jogada, com Edigar Junio. Com o resultado, o Bahia foi a 44 pontos e subiu para a 10ª posição (ainda aguarda o desfecho da rodada para saber onde termina). De qualquer forma, a equipe baiana fica muito perto dos 45 pontos, número apontado como o ideal para se garantir na Primeira Divisão. Enderson Moreira reconheceu que o principal objetivo da equipe está próximo de ser alcançado.

“Não sei o que vai dar, se vai conseguir o 10º, 11º lugar. A gente está perto de se salvar do rebaixamento. Dificilmente a pontuação passa de 44, mas não é nada matemático. Vamos olhar para frente, jogar esses últimos cinco jogos com toda energia. A palavra que pedi a eles foi comprometimento, concentração, até a última rodada. Se a gente vai conseguir três pontos até o fim, é o máximo que a gente vai conseguir. Porque o grupo se sacrificou tanto… No finalzinho, vai até o fim. Estou cansado também, fazendo meu 61º jogo da temporada. Eu não estive aqui no começo, estava em outro clube e também estou com a ziguizira começando, a pressão começa a ficar alta, mas não vou relaxar, vou até a última gota. E os atletas, nosso compromisso foi claro. Independente do que acontecer, vamos fazer o melhor até a última gota”.

O técnico tricolor também fez elogios aos responsáveis pelos gols do Bahia, Edigar Junio e Zé Rafael. Enderson revelou que Edigar tem limitação física e destacou a dedicação de Zé, mesmo com o assédio de outras equipes.

“Edigar teve um ano difícil de lesões. Isso tirou ele da possibilidade de fazer uma boa preparação para esse ano. Edigar convive com dores que não são fáceis de poder administrar. Tem uma limitação em termos de trabalho de impacto. Precisa sempre ser poupado um pouco dessas atividades. É um jogador guerreiro. Conheço ele, trabalhei com ele no sub-20 do Atlético-PR. Competitivo, tem uma força absurda. Sempre falo com ele de poder… Na verdade, vocês utilizam a palavra que “fulano foi sacado”. Não foi sacado. A gente fez algumas opções para um jogo, para terminar um jogo… Lá fora isso é tão comum. Aqui parece que cria uma carga diferente. São opções táticas, como fez contra o Atlético-PR, quando a gente colocou um time diferente, porque o jogo era diferente. Pode ser que, contra o Atlético-MG, eu possa tomar uma decisão diferente em função do adversário. A gente cria, na impossibilidade de treinar, a gente quase não tem tempo para treinar, então a gente vai criando situações com as características dos jogadores, para que possa minimizar a falta de treinos com encaixes diferentes. Passei para eles isso para ter tranquilidade, confiança, e treinar bem. Todo mundo confia nele, acredita, sabe o potencial. Ele tem uma limitação física esse ano em termos de não estar no mesmo nível do ano passado, mas tem que saber lidar com isso no finalzinho e se preparar muito bem para a próxima temporada”.

O treinador foi questionado sobre Gilberto, que volta de lesão já treina normalmente no Fazendão, mas nem foi relacionado nas últimas duas rodas – no BAVI e diante do Ceará.

“Gilberto é um jogador que a gente sabe o retrospecto. Vamos pensar: que treinador não quer os seus principais atletas? Se o Gilberto não veio… Vocês têm que entender que eu tenho meu lado de burro, todo treinador é um pouco burro, mas não a esse ponto de ter um jogador desse em condições de participar e não trazer para o jogo. O Gilberto está começando um processo de readaptação. Muito precoce ainda. Ele não está com os movimentos certos. Sou especialista nisso, trabalho com isso há 20 anos. Há 20 anos, vejo jogadores todos os dias da vida, três a quatro horas por dia. A gente sabe quando ele está solto e preparado e quando não está ainda. Está com muito receio de bater na bola. A lesão dele não é tão grave em termos de cirurgia, mas é uma lesão chata, dolorida. Quem teve sabe. Toda hora que pegar ponta do pé, vai dar uma dor absurda. Mas ele não está ainda preparado para jogar. E a torcida pode ter certeza, a imprensa também, que, assim que ele tiver condições de participar, ele vai estar presenta, no banco ou como titular, porque é um jogador com quem a gente quer contar”, finalizou o treinador.

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