Os perigos na demolição foram alertados pela esposa do trabalhador que morreu após um desabamento no Polo Industrial de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Segundo ela, Ordiley Pereira Sodré, de 41 anos, estava apreensivo com o trabalho.

“Eu vinha falando com ele o tempo todo para ele não fazer. Ele ficava me mostrando vídeos, fotos, do que ele ia fazer, e eu falava para ele que era muito alto, que era arriscado para ele, que era para ele olhar a vida dele, porque era mais preciosa”, relatou emocionada, à TV Bahia.

Em entrevista à TV, Solange disse que o trabalhador atuava na mesma empresa há 5 anos e no ramo mais de 15 anos. Porém nesta demolição, riscos haviam sido apresentados. Ela lembra que a técnica usada por ele no momento do desabamento seria a terceira tentativa de concluir o serviço. Na primeira tentativa, a máquina usada já teria sido atingida por destroços.

“Ele tinha relatado para mim que tinha que fazer essa demolição e estava muito apreensivo. Ele vinha estudando como fazer e, há uns 15 dias, ele tentou fazer a demolição e caiu sobre a máquina, mas não atingiu a cabine. Graças a Deus, Deus deu o livramento a ele. Aí, ele voltou a estudar como poderia ser feito, falou com o patrão dele, e eles decidiram fazer com o cabo de aço. Tentaram ontem e não deu certo. Aí, ele cortou a estrutura toda por fora e ficou um pilar sem cortar e ele foi com a máquina. O que eu não estou entendendo é por que ele foi para baixo da estrutura”, relatou a mulher do trabalhador morto.

O CASO

O acidente aconteceu na noite desta segunda-feira (19), além do trabalhador, outros dois foram atingidos no desabamento. O local possuía um alvará para o funcionamento, mas o documento estava vencido. Ordiley e mais duas pessoas foram atingidas. Somente ele morreu.

Uma das vítimas foi levada para Salvador e o outro permanece em Camaçari, onde foi operado no ombro e no tornozelo. A esposa de Ordiley lembra que falou com ele pela última vez na hora do almoço. O corpo dele ficou nos escombros por cerca de 10 horas.

“O último contato que eu tive com ele foi às 13h, na hora do almoço dele, que eu mandei uma mensagem no WhatsApp, e ele me respondeu. Depois ele não respondia mais. Eu mandava mensagem, ligava, e ele não respondia mais. E eu fiquei a tarde toda preocupada, porque algo tinha acontecido”, contou.

Vítima será enterrada no interior do estado

O trabalhador era natural de Ibirapitanga, no sul da Bahia, para onde seu corpo foi encaminhado e será enterrado. Ele deixa três filhos. A família mora no Bairro da Paz.

“A irmã do patrão dele, que é da empresa também, esteve aqui e está cuidando da funerária. Ela disponibilizou transporte para levar para o interior. Porque nós somos de lá e ele vai ter um sepultamento digno, porque ele merece”.
“Ele começou de ajudante de obra, depois foi para bobcat e falou que só iria parar quando estivesse em uma escavadeira, e parou”, concluiu.

MPT vai investigar morte de trabalhador no Polo de Camaçari

O caso é apurado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). O órgão afirmou que procura informações sobre os responsáveis pelo imóvel e pela empresa que realizava o serviço de demolição.

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