A Bahia tem bons inventores. Dois adolescentes, moradores do município de Conceição do Coité, no semiárido baiano, projetaram um dispositivo que impede o acionamento de motos sem uso de capacete. Segundo os autores do projeto, Marcelo Oliveira Pinto e Poliana Mascarenhas, o dispositivo foi idealizado após um colega de escola ter sofrido um acidente de moto e ficado quase um mês em coma.
A dupla é estudante do Colégio Estadual Polivalente. Ele cursa o primeiro ano do ensino médio, ela o segundo. Marcelo disse que o acidente que envolveu o amigo ocorreu em 2014 “e, até hoje, ele não se lembra de algumas coisas e, às vezes, apresenta uns problemas na fala”, explicou sobre as sequelas. O jovem ferido na queda estava sem capacete e bateu a cabeça no chão.
Professores e alunos da escola iniciaram uma série de pesquisas a fim de identificar a existência de dispositivos que impedissem o acionamento de motos sem capacete. “Inicialmente, não achamos. Eu e Poliana seguimos em frente com as pesquisas e, em quatro dias, encontramos uma solução”, revela.
Marcelo detalha que montou um equipamento que é encaixado na ignição da moto e dentro do capacete, que são interligados via transmissão de rádio. “Quando a pessoa coloca o capacete, um botão é acionado permitindo que a moto seja ligada. Caso contrário, ela não liga”, explica.
A professora Tereza Cristina diz que a escola agora tenta angariar as verbas para viabilizar a ida dos alunos para o Rio Grande Sul. “Os alunos precisam das passagens, hospedagem, como também do acompanhamento de um tutor da escola, já que eles são menores de idade e estão representando a instituição”, detalha.
Tereza Cristina avalia que houve um coesão entre os trabalhos de Marcelo Oliveira e Poliana Mascarenhas. “Ele tem uma excelente habilidade técnica. Ela tem uma habilidade teórica. Foi um trabalho que casou muito bem”, se orgulha. Para a professora, o sucesso dos alunos releva a importância das instituições de ensino investirem em pesquisas científicas.
Na expectativa de ver a ideia ganhar o mundo, Marcelo espera ter apoio de alguma empresa para produzir o dispositivo em série. “Esse projeto é como se fosse um embrião. Já registramos a ideia, mas ainda não apresentamos a nenhuma empresa. Esperamos que projeto vá em frente e ajude a salvar vidas”, explicou.