Um duplo homicídio bárbaro, cometido após uma angustiante sessão de tortura psicológica e física, com demasiada frieza e excessiva crueldade, cujas cenas foram gravadas e propagadas pelos algozes via Whatsapp para centenas de pessoas. Essa foi a sentença decretada pelos carrascos para dois jovens camaçarienses que, ao pegarem o atalho da desonestidade na busca por subsistência e ostentação, segundo relato de familiares, condenaram-se a uma vida curta e a um final de agonia indescritível.

Micael Nascimento dos Santos e Emerson Rocha Pereira tinham 22 anos. Eram amigos e vizinhos. Eles moravam em um condomínio do Minha Casa, Minha Vida localizado nas imediações da Estrada da Cetrel, em Camaçari. Ambos foram assassinados, provavelmente na quarta-feira (15), quando fotos em que apareciam ainda vivos, mas já sob o domínio de supostos traficantes rivais, começaram a circular, chegando ao conhecimento dos familiares.

Os vídeos em que os garotos aparecem mortos chegaram na manhã do dia seguinte (quinta-feira, 16). Uma das cenas mais chocantes mostra um dos assassinos literalmente separando a cabeça de uma das vítimas do corpo, além das sequencias intermináveis de espancamento brutal.

Inevitavelmente abalado com a violência praticada com um ente querido, o tio de Micael, Lindomar José Santos, morador do bairro Gravatá, motivado pela necessidade de alertar outros jovens sobre os perigos do mundo das drogas, procurou a reportagem do portal Bahia no Ar e falou sobre o crime, as desconfianças que têm em relação ao motivo do duplo assassinato e sua versão da cronologia dos fatos.

De acordo com Lindomar, os jovens teriam se envolvido em uma rixa duas semanas atrás, no condomínio onde moravam, onde homens em um carro preto teriam atirado na direção da dupla, chegando a atingir o braço direito de Micael. “Por causa disso eles fugiram de lá, foram para um sítio na região do Jambeiro, em Lauro de Freitas. Essa semana, eles teriam recebido uma ligação de alguém pedindo drogas. Eles teriam saído do esconderijo para buscar a encomenda na casa de um amigo, no condomínio Parque das Bromélias, na estrada Cia – Aeroporto”, relata.

Na avaliação de Lindomar, foi neste local que eles teriam sido abordados pelos homens que os matariam. “Mandaram fotos deles e áudios para pessoas aqui de Camaçari perguntando se alguém conhecia. Acredito, pelas fotos que recebi, que foi de lá do Parque das Bromélias”, disse, acrescentando que a situação foi comunicada à polícia na quinta pela manhã. “Registramos a ocorrência na Delegacia Territorial de Itinga”, contou.

O local onde os jovens foram assassinados e enterrados permanece uma incógnita. Na manhã desta sexta-feira (17), Lindomar e um amigo chegaram a fazer buscas em áreas de vegetação na região do jambeiro e adjacências do Parque das Bromélias, mas não encontraram nada. “A Polícia Militar vai realizar novas buscas nessa região ainda hoje, mas como não existe uma referência fica muito difícil. Se alguém tiver alguma informação sobre o caso ou que nos ajude a encontrar os corpos, peço que comunique a polícia”, pede.

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