O equilíbrio do rio Joanes-Ipatinga, em Lauro de Freitas, pode ser comprometido pela extração ilegal de areia. Principal abastecedor de água de Salvador, o rio fica dentro da área de preservação ambiental (APA) de mesmo nome do curso hídrico.
A retirada da areia em locais de restinga interfere na biodiversidade, na perda da proteção contra o salitre e desequilíbrio no balanço hídrico.
"Um dos problemas mais sérios na APA é a retirada de areia, com a consequente supressão da vegetação. E isso acarreta o assoreamento das águas superficiais, lençóis freáticos e mananciais", afirma o gestor da APA, o engenheiro agrônomo Geneci Souza, do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
Apesar disso, ele avalia que o fornecimento de água ainda não está comprometido, mas o rio está sob ameaça.
A extração ilegal se configura como crimes de ordem ambiental, fiscal e contra o patrimônio, já que União deixa de recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no estado.
Um morador, que preferiu não se identificar, relatou que os criminosos agem livremente, na madrugada, quando não há fiscais. De acordo com ele, caminhões saem carregados de areia branca rumo a Salvador.
"Após as primeiras denúncias, aliadas ao aumento da fiscalização, o trânsito de veículos cessou por um tempo. Mas a tranquilidade durou pouco, porque a fiscalização foi suspensa. Nem ficaram com medo e já voltaram a agir", contou.
A extração ocorre no bairro Bela Vista de Jauá, em uma área conhecida como Parque das Dunas. Os extratores retiram dezenas de caçambas diariamente. "Nosso receio é que essas fontes de água sequem, por causa do risco de assoreamento, o que traria um prejuízo inestimável ao meio ambiente", afirma, acrescentando que o ponto de extração da areia é repleto de lagos que abastecem o rio Capivara.
Redação Bahia no Ar