A festa foi linda. E seria ainda mais se não houvesse o dia seguinte. O cenário da Fonte Nova após o clássico de domingo, quando o Vitória goleou o Bahia por 5×1, foi triste. Para quem ajudou a construir a novíssima arena, ficou complicado aceitar o lixo espalhado pelo chão, as cadeiras quebradas e os sanitários em condições semelhantes a de um chiqueiro. Não é exagero.

Patrícia de Souza, funcionária responsável pela limpeza dos banheiros, relata o que encontrou pela frente. “Tinham fezes espalhadas pelas paredes, fora do vaso. Não tive coragem de limpar. Tive que chamar um homem para me ajudar. Uma coisa nojenta. Falta educação”, afirma, quase sem acreditar. “As pessoas utilizaram o cesto de lixo para urinar também. Imagine se toda vez for assim? Terrível”.

Ontem, o CORREIO circulou pelo local e pôde confirmar os atos de vandalismo, todos localizados onde ficaram as torcidas organizadas. Foram encontradas cadeiras total ou parcialmente danificadas, assim como alguns corrimãos.

Patrimônio

No setor Leste, onde se posicionou a torcida Os Imbatíveis, do Vitória, havia 19 assentos sem condições de uso. “Cheguei para trabalhar e fiquei triste. Isso aqui é um patrimônio nosso! É questão de educação mesmo. Logo no primeiro jogo acontece isso? É melhor fechar e abrir só pra show mesmo”, disse o operário Jutaís de Jesus.

No setor Norte, lugar da organizada Bamor, do Bahia, que só teve um gol para comemorar, foram duas cadeiras danificadas e arranhadas.

Presidente da Arena Fonte Nova, Frank Alcântara lamenta os estragos ocasionados pela minoria. “É importante deixar a Arena sempre limpa. Não se pode ter um comportamento diferente do que se tem em casa. Apesar da rivalidade, a festa foi bonita. O nosso objetivo é sempre fazer o melhor para o torcedor e, por isso, ele precisa ajudar”.

* Balanço

21 cadeiras foram danificadas, segundo balanço divulgado pela Arena Fonte Nova

3 ocorrências policiais apenas: uma perda de documento, um furto e um desacato

Escadinha da alegria é palco das comemorações rubro-negras

Taí uma comemoração que nem a velha Fonte tinha visto. Bola na rede e o time todo correndo junto em direção à torcida. Sobe a escadinha e os rubro-negros estão ali, ao alcance de um abraço. Foi Maxi descobrir o caminho no segundo gol e pronto: Michel repetiu e Vander também.

Renato Cajá vai pra galera e some em meio à multidão rubro negra

No quinto gol, Escudero, mais comedido, preferiu não arriscar perder a camisa. “Todos sonham em fazer um gol em clássico, foi bom comemorar com a torcida e com meus companheiros”, diz Biancucchi. “A proximidade com a torcida é boa, a gente não está acostumado a ter um abraço do torcedor”, completa. Autor do primeiro gol, Cajá não conhecia o lugar, mas deu uma chegadinha lá todas as vezes que os companheiros balançavam as redes.

“Isso na Europa já é normal, a proximidade. No Brasil, não temos essa cultura. Como é um padrão Fifa tirar essas barreiras, espera-se que acabe conscientizando o torcedor e o jogador. É legal ter essa proximidade, eles pagam ingresso e não tem nada melhor do que retribuir o carinho, mas realmente pode ser perigoso”, alerta Deola.

O vidro que separa a torcida da escada trincou. “Aquele vidro não estilhaça, mas não é recomendável aquela comemoração. Foi uma surpresa para todos. Vamos conversar e ver o que é possível. Talvez colocar policiais na frente”, diz Frank Alcântara, presidente da Arena. “Aquele espaço é uma rota de fuga. Caso aconteça um incidente, os torcedores podem sair em, no máximo, oito minutos”, explica.Consórcio não divulga receita com camarotes e assentos PremiumNo site da FBF, a renda bruta do Ba-Vi é de R$ 1.954.900 para 37.274 pagantes.

Mas arrecadação e público foram maiores: o documento não contabiliza a quantidade de ingressos disponibilizados no setor Premium e nos camarotes. O Estatuto do Torcedor (Lei nº10.671/03, alterada pela Lei nº12.299/2010) exige no artigo 7º a divulgação “da renda obtida pelo pagamento de ingressos e do número de espectadores pagantes e não-pagantes”. A renda bruta já é recorde em jogos do Bahia e do Vitória.Bancos de reservas atrapalham a visão nas primeiras fileirasPassada a empolgação da inauguração do estádio, chegou a hora de corrigir os erros. Um deles é a presença de pontos cegos, locais de onde a visão do campo é prejudicada. Quem senta na primeira fileira atrás dos bancos de reservas, por exemplo, não consegue ver a bandeirinha de escanteio. “Acho que há certo exagero, mas vamos ver com a Fifa o que pode ser feito, se existe adaptação. Os bancos de reservas são transparentes, como foi exigido. A Arena está aberta para discutir. Nosso objetivo é satisfazer o torcedor”, afirma Alcântara. Já no lado oposto, as placas de publicidade atrapalharam a visão – caso fácil de corrigir, com o recuo das placas.

O próximo jogo é sábado, às 16h, Vitória x Botafogo. No domingo, o Bahia recebe o Vitória da Conquista. Fonte: Correio