Parentes e amigos do delegado Clayton Leão Chaves, 35 anos, participaram da missa de sétimo dia, ocorrida na manhã de ontem, na Igreja Nossa Senhora da Luz, bairro da Pituba.

A mãe do policial assassinado, Terezinha, acompanhada da filha e de demais parentes, não continha o desespero.

A esposa de Clayton, a dentista Simone Oliveira, recebia condolências e preferiu o silêncio.

Na voz do delegado do Comando de Operações Especiais (COE), Jardel Peres, a mensagem daqueles que conviveram com Clayton Leão.

“Nós trabalhávamos juntos no COE e tínhamos muita aproximação, como amigos.

Uma vez, eu estava à frente de uma operação e minha mãe havia falecido.

Ele foi encarregado para me dar a notícia”, disse.

A postura firme durante a ação policial foi ressaltada.

“Quando estava à frente de qualquer investigação, ele agia rápido com sua equipe.

Em outro episódio, estávamos investigando bandidos que invadiram o fórum de Lauro de Freitas e enquanto estávamos cercando a casa onde os acusados estavam, Clayton e sua equipe já haviam realizado a prisão”, relatou Jardel.

“Vivíamos correndo atrás de bandidos por estado a fora, para deixar a sociedade mais tranquila.

O juramento dele não foi da boca para fora.

Irmão, peço que você esteja bem e espero que tenhamos forças para ajudar a sua família”, afirmou.

Jardel terminou seu discurso ressaltando que não adianta ficar condenando um aos outros.

“É preciso reunião dos poderes Legislativo, Judiciário, do Ministério Público e é preciso fazer uma reflexão sobre a segurança pública.

Questionar, porque o delegado foi parar numa estrada daquela.

O errado não foi ele parar naquela estrada e sim, saber por que que não se pode parar naquela estrada.

Condenar é fácil, o difícil é agir”, concluiu Jardel Peres.

Outra missa foi celebrada na cidade da Camaçari, onde o delegado trabalhava.

Caso não foi encerrado

O tio do delegado, o médico João Chaves, disse que fez sua parte, ressaltando que não acreditava na versão da polícia de uma tentativa de latrocínio.

Mas que agora, pretende deixar o caso nas mãos da Justiça.

Sobre a questão de acionar o Ministério Público para que as investigações do caso continuem, como foi dito por ele na semana passada, o tio sustentou a posição de que essa medida será sim adotada.

No entanto, José Gregório Novaes, outro tio de Clayton, em entrevista à imprensa, acredita na versão da polícia.

A mãe do delegado e a esposa estavam em estado de choque e não falaram com a imprensa.

O delegado geral da Polícia Civil, Joselito Bispo, esteve na missa, mas explicou que o caso só será encerrado depois que o processo for remetido para a Justiça.

E ainda concluiu que a principal linha de investigação, é a hipótese de latrocínio.

O delegado Cleandro Pimenta que está comandando as investigações e também estava presente na missa, ressaltou que enquanto o laudo pericial não sair, ele não falará nada.

A polícia concluiu por latrocínio como versão para o crime após a confissão de Rinaldo Valença de Lima, que afirma ter sido o autor dos disparos.

Ele e outros dois comparas disseram que iriam tentar roubar o som do EcoSport do policial, que estava estacionado na Estrada da Cascalheira, enquanto a vítima dava entrevista ao vivo através do celular para a Rádio Líder FM, de Camaçari.