Nesta quinta-feira (6), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou um novo boletim, batizado de InfoGripe, que apresenta dados epidemiológicos da evolução do novo coornavírus (Covid-19) no país. O levantamento detalha que, após a retomada do crescimento da doença, observado no mês de junho, a análise de casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) mostrou sinais de que o Brasil inicia uma leve queda de novas infecções pela Covid-19.

No entanto, a Fiocruz alerta que a interpretação da boa notícia deve conter “dose dupla” de cautela, tendo em vista que a situação do território brasileiro ainda se comporta de maneira heterogênea, e existem indícios de uma possível “segunda onda” da doença, motivada também por eventuais reinfecções, ou seja, pacientes que já tiveram a Covid-19 podem ter sido novamente contaminados. Esses fatores, segundo a fundação, podem mudar a dinâmica de enfrentamento da pandemia.

Durante esse novo relatório, foi avaliado o comportamento da doença, por estado, através do fechamento dos dados da semana epidemiológica 30. Os pesquisadores utilizam os índices de hospitalização referente a SRAG, já que, 96,7% dos casos e 99,1% dos óbitos referente ao conjunto de doenças são relativos à Covid-19. Porém, mesmo com o sinal de leve queda, os valores semanais de registros no país extrapolam bastante o nível considerado muito alto.

“Nessa nova análise notamos o início de uma freada, mais o acumulado chegou a atingir números superiores aos de semanas anteriores e ficou pouco abaixo da semana epidemiológica 30. Isso indica que a epidemia da covid ainda está em processo de oscilação, ao avaliar o nível Brasil”, disse o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

“Quando a gente vai para as regiões, notamos uma grande heterogeneidade nos estados. Até mesmo dentro dos estados temos situações muito distintas na comparação de macrorregiões”, completou Gomes.

Conforme destacou o pesquisador, em São Paulo, por exemplo, que é um dos estados com maior número de subdivisões em macrorregionais de saúde, há uma grande variabilidade em termos de tendência.

“Isso deixa claro que vivemos um processo lento, infelizmente, e que o fato de começar a cair não garante tranquilidade”, frisou Gomes.

Avaliação por estado

Falando especificamente das unidades da Federação, que apresentavam manutenção do sinal de crescimento ou platô, foi observado pelos pesquisadores um possível início de queda no Tocantins, Sergipe, Paraná e Santa Catarina.

Na Bahia, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, embora existam alguns indícios de possível início de enfraquecimento dos casos, estes sinais ainda são considerados fracos e abaixo do estimado. As respectivas capitais, Salvador, Campo Grande e Belo Horizonte, apresentam queda, enquanto Porto Alegre mostra estabilização e Brasília ainda apresenta sinal de crescimento.

Já em relação às unidades da Federação, que apresentavam sinal de possível retomada do crescimento após período de queda, o Maranhão mostra sinal de estabilização, embora a capital São Luís ainda mantenha possível retomada do crescimento.

O mesmo ocorre com o Pará e a capital, Belém. O Tocantins mantém sinal de queda, enquanto a capital ainda oscila, com sinal de possível estabilização.

“A gente tem observado: tendências de microrregiões que estava em queda e que voltaram a crescer, porque não chegaram a um nível baixo suficiente de contágio para que conseguisse estancar a cadeia de transmissão e o efeito dominó de infecção”, pontua o pesquisador.

Reinfecções

“A gente tem visto cada vez mais casos de pessoas infectadas em algum momento, que tiveram um primeiro quadro e, depois de ter se recuperado, voltam a apresentar sinais de dificuldade respiratória, sintomas, necessitando de novos atendimentos”, revela Gomes.

Levando em consideração esse cenário, ele fomenta a necessidade de pautar as ações de enfrentamento da doença pensando também em um “pior momento”, tomando como base o futuro incerto, ao se considerar uma doença nova.

“Na pior das hipóteses, ao antever o pior, a gente tem condições de atendimento com o mais preparo, ainda que além do necessário. Na abordagem inversa, o custo desse erro são vidas”, finaliza.

Balanço de casos

Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, o Brasil já acumula 2.912.212 casos confirmados da Covid-19, registrados desde o início da pandemia.

Desse quantitativo, 98.493 pacientes foram a óbito e 2.047.660 já são considerados recuperados.

Nas últimas 24 horas foram acrescentados ao boletim oficial do Minsitério da Saúde mais 53.139 infectados e 1.237 vítimas.

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