O goleiro Bruno Fernandes de Souza foi condenado à prisão na madrugada desta sexta-feira (8) pela morte da ex-amante Eliza Samudio. A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues ainda não leu a pena do goleiro – o promotor Henry Vasconcelos pediu a pena máxima em sua argumentação final.

Para a leitura da pena, o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo, solicitou que a juíza determinasse a retirada de cinegrafistas e fotógrafos do fórum, pois Bruno não quer ser filmado ou fotografado. A juíza acatou o pedido e todos os profissionais que já estavam no local foram obrigados a se retirar.

A ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues do Carmo, foi absolvida – a própria promotoria já havia pedido que ela fosse considerada inocente do sequestro e cárcere privado do filho de Bruno e Eliza, já que Dayanne, então esposa do goleiro, teria sido coagida a ficar com a criança. O julgamento aconteceu no Tribunal do Júri de Contagem, em Minas Gerais.

Bruno foi condenado por todos os crimes de que era acusado em todas as suas qualificadadoras. Ele respondia por homicício triplamente qualificado e ocultação de cadáver de Eliza Samudio. Além disso, também era acusado de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dos dois, Bruninho.

Como já está preso há dois anos e nove meses, Bruno terá este período debitado da pena que receber. Além disso, segundo O Dia, o advogado de Dayanne, Tiago Lenoir, disse que Bruno tem um ano de remição de pena por trabalhar na penitenciária Nelson Hungria – ou seja, o jogador já cumpriu três anos e 9 meses da pena que receberá.

Os jurados ficaram reunidos por cerca de uma hora para tomar a decisão, em uma sala onde tiveram que responder uma série de perguntas sobre os crimes pelos quais os dois réus eram julgados.

"Um canalha"

Durante a argumentação final, Vasconcelos disse que Bruno mandou sequestrar e matar Eliza Samudio. O promotor ainda tentou ligar o goleiro ao tráfico de drogas – ele foi descrito como um criminoso que não tem respeito pelas mulheres e vivia cercado de malandros no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Bruno admitiu na quarta pela primeira vez que sabia da morte de Eliza e mesmo assim não denunciou o crime. Ele negou ser o mandante do homicídio, mas disse que "aceitou" o crime – Bruno culpou o ex-assessor e à época grande amigo Luiz Henrique dos Santos, o Macarrão, pela morte de Eliza.

Já segundo o promotor, Bruno, tomado pela arrogância de ser um jogador de futebol famoso e acreditando ser intocável, mandou sequestrar e matar Eliza como "se pisasse numa barata". A motivação do crime era não pagar a pensão à ex-amante e não reconhecer o filho dos dois, nascido em 2010. "Um canalha", disse Vasconcelos.

A acusação disse ainda que Bruno foi dissimulado todo o tempo até assumir que sabia que Eliza estava morta. Ele teria se utilizado de "lágrimas hipócritas" para tentar jogar a culpa pelo crime em Macarrão.

Em outro momento, o promotor disse que Bruno era ligado ao tráfico de drogas e já teria sido visto algumas vezes em companhia de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, um dos maiores traficantes do Rio.

Condenações

O processo sobre a morte de Eliza foi desmembrado em novembro do ano passado. Foram julgados na ocasião Macarrão e uma ex-amante de Bruno, Fernanda Castro Gomes. O ex-assessor e ex-amigo de Bruno foi condenado a 15 anos de prisão pela morte de Eliza. Já Fernanda foi considerada culpada pelo sequestro e cárcere privado de Eliza e Bruninho, sendo condenada a cinco anos em regime aberto.

Crime

Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe de um recém-nascido, filho do goleiro Bruno. O jogador, na época titular do Flamengo, não reconhecia a paternidade da criança e desentendimentos sobre a pensão teriam motivado o crime.

A Justiça acredita que Eliza foi morta em 10 de junho de 2010 na cidade mineira de Vespasiano. Ela foi retirada à força do Rio de Janeiro por Macarrão e por um primo de Bruno e levada para o sítio do goleiro em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. Do local, ela teria sido levada por Macarrão para ser morta por um ex-policial conhecido como Bola.

A criança foi achada dias depois com desconhecidos em Ribeirão das Neves, também Minas Gerais. O menino hoje mora com a avó materna no Mato Grosso do Sul e um exame de DNA comprovou que ele é mesmo filho de Bruno.

Além de Bruno e Dayanne, mais sete pessoas são acusadas de envolvimento com os crimes. Fonte: IBahia