A presidente do Sispec (Sindicato dos Professores e Professoras da Rede Pública Municipal de Camaçari), Márcia Novaes, afirmou nesta sexta-feira (15), em entrevista ao programa Largando o Doce, do grupo Bahia no Ar, que a greve deflagrada pela categoria foi o último recurso diante da falta de resposta para as reivindicações encaminhadas à gestão do prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil). Segundo ela, o principal pleito é a valorização dos docentes com especializações, que hoje ganham o mesmo piso de um profissional que tem apenas o magistério —R$3.847,26.

“Nós entregamos a pauta de reivindicações para o governo municipal desde fevereiro. Fizeram o ajuste do piso para as pessoas que estavam abaixo do piso, que estão só no magistério. Mas, para os interníveis, eles estão descumprindo a Lei do Plano de Cargos e Salários, que é a Lei 873, que garante que o reajuste seja dado de forma linear, para todos os professores e todas as professoras. Mas só apenas 800 professores tiveram o reajuste, que, na verdade, não é um reajuste. Foi um reajusto do piso, para os professores não ficarem abaixo. Porque, quando ficam abaixo do piso, ficam ilegais. Então não poderiam nem sequer ficar abaixo do piso”, disse a dirigente ao apresentador Roque Santos.

“O que a gente está reivindicando é que se pague aos interníveis, àquelas pessoas que fizeram sua graduação, sua pós-graduação, seus mestrados, suas especializações, para que seus salários não fiquem tão achatados”, diz Novaes.

“É uma lei aprovada em 2008 e que garante essa diferenciação. Até para incentivar que a categoria busque estar estudando, se qualificando para melhoria da educação. E essa qualificação, na maioria das vezes, sai do bolso dos professores”, explicou.

Ela reiterou que a categoria também busca melhorias nas estruturas das escolas. “Em algumas escolas faltam alguns materiais pedagógicos. A própria melhoria na merenda escolar. Apesar de ter o desjejum, mas precisa ajustar muitas coisas. Os professores estão exigindo valorização”, apontou.

A diretora do Sispec diz lamentar a paralisação, mas afirma que não há outra saída para cobrar os direitos dos educadores. “Quero dizer para os pais e mães que, quando fazemos uma greve, nós fazemos a reposição. Certamente a gente não quer que esse calendário se desajuste, porque trabalhar no mês de janeiro é ruim. Mas nós dependemos de uma resposta da gestão municipal. [o prefeito] Elinaldo precisa se pronunciar, dizer alguma coisa. Nós também não queremos greve. É um momento desgastante para todo mundo. Mas, infelizmente, foi o último recurso. Desde fevereiro que estamos tentando”, declarou Novaes.

Secretária lamenta greve e diz que escolas funcionarão parcialmente

Também em entrevista a Roque Santos, a secretária de Educação de Camaçari, Neuriliene Martins, lamentou a decisão dos professores pela greve e afirmou que os maiores prejudicados pelo movimento são os 39 mil alunos da rede. Ela, no entanto, não respondeu se a pasta avalia atender às demandas dos profissionais.

“Esse é um assunto muito complexo. Nesse momento, a gente tem uma pergunta: onde está cada um de nossos estudantes? São 39 mil estudantes que estão no centro dessa greve. Eu acho que ninguém está feliz com a greve”, assinalou.

A secretária garantiu que muitas escolas funcionarão, já que há professores que não aderiram à paralisação. “Estamos nos organizando para abrir as escolas. Há professores que não querem parar. E nós vamos respeitar as decisões nesse sentido. Vamos trabalhar com calendários especiais. Teremos escolas funcionando 100%, algumas parcialmente”, disse.

Nas palavras da secretária, ninguém está acomodado com a questão, mas se trata de um assunto que ela não poderá abordar somente da perspectiva da pasta da Educação.

Martins ainda refutou a queixa central dos professores, de que docentes com especializações estão no mesmo patamar salarial de quem tem somente  o magistério. “Nós temos um piso, sim, de R$ R$3.847. O que a prefeitura de Camaçari fez, neste momento, foi recompor esse piso para que não tivéssemos nenhum professor ganhando abaixo do piso”, argumentou.

“Não é que os professores de outros níveis estão ganhando como professores do nível 1. Nós temos uma variação de salários que parte do básico desse valor está um teto, por exemplo, de 16 mil, que são poucos professores que ganham”, disse a secretária, que citou também questões financeiras da administração municipal.

“Essa discussão vem sendo feita com uma mesa de negociação. E que o prefeito tem assinalado é que de fato precisamos de decisões sustentáveis. Com a saída da Ford, a previsão é de queda de arrecadação em 2023”, disse a titular da Sedec.

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