Segundo informações do Uol, após uma mudança na lei, um grupo de advogados deseja arquivar o inquérito referente ao assassinato do jornalista investigativo da TV Globo, Tim Lopes. De acordo com os criminalistas, Elias Pereira da Silva, que foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão por ter sido o mandante do crime, é inocente.

“Julgamentos como o que condenou o Elias costumam levar o dobro do tempo. Há detalhes do processo que não foram explorados. Vamos remexer com uma história que já estava enterrada”, destacou à reportagem a advogada Alexandra Oliveira Menezes.

Alexandra teve contato com Elias há cerca de dois anos a pedido de um outro detento, que era cliente dela. Em janeiro de 2019 ela firmou parceria com o escritório do criminalista Eduardo Mayr. A defesa alega que Elias estava fora do Rio de Janeiro no dia do homicídio. Segundo a advogada, Elias estava com o irmão, o tio, o primo e outros parentes. “É uma cidade muito pequena e com sinal fraco de telefone. O Elias não teria como ordenar o crime nessas circunstâncias”, argumenta.

Em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou uma liminar que o colocaria em liberdade.

Uma publicação no Diário Oficial da União de um ato do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em janeiro de 2019, concedeu aos advogados a autorização de investigar o caso por conta própria. A mudança, que atinge o Código de Processo Penal, fez com os defensores decidissem reabrir um caso já tido como resolvido pela Justiça.

O grupo de advogados destaca que podem comprovar que as ossadas encontradas em um cemitério clandestino na região, na verdade, não seriam do jornalista. Caso essa hipótese seja confirmada, os criminalistas entendem que, a partir daí, podem solicitar a anulação do processo.

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) defende a condenação de Elias e pede cautela. Em nota, a diretoria da entidade afirmou que a reabertura do caso sem evidências consistentes da inocência de Elias pode agravar a impunidade em ataques contra jornalistas no território brasileiro.

A Abraji ainda faz um alerta que, na época da condenação, o Judiciário encontrou elementos para relacioná-lo com o crime.

“À época do julgamento, a polícia, o Ministério Público e o Judiciário concordaram que havia indícios suficientes”, começa. “Em 2009, um recurso da defesa para realização de um novo júri foi negado. A questão precisa ser avaliada com cuidado, já que a reabertura do caso sem novas provas relevantes agravaria a prevalência da impunidade de crimes contra jornalistas no Brasil”, acrescenta.

Procurada pelo Uol, a família de Tim preferiu não comentar sobre o assunto. Já o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro assegurou não ter elementos para se pronunciar.

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