Na segunda-feira (26/10), durante evento da Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst), o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a pontuar sobre as dificuldades encontradas para avançar com a implantação do programa de privatização de empresas estatais.

De acordo com Guedes, existem “acordos políticos” que dificultam a implementação da política econômica do governo.

“Não conseguimos, por exemplo, privatizar as empresas. Há acordos políticos que dificultam. Se houve ‘petrolão’ na Petrobras, mensalão nos Correios e escândalo na Caixa, devia estar bastante claro para a população brasileira que a governança está equivocada”, afirmou o ministro.

“De alguma forma, essa nossa dificuldade de criar um caminho de prosperidade em um país rico em recursos naturais está ligada a essa nossa prisão cognitiva. Somos prisioneiros cognitivos de uma visão de mundo que está, hoje, obsoleta”, completou Guedes.

No entanto, apesar das críticas aos “acordos políticos”, Guedes teceu elogios ao Legislativo e o Judiciário. Em seu discurso, o ministro da Economia decidiu manter o sigilo e não indicou quem seriam os responsáveis pelos supostos acordos que atrasam as privatizações.

“O Congresso é reformista e tem apoiado, o presidente é determinado, é um homem determinado, busca o melhor para o Brasil. O Supremo tem nos ajudado muito nessa direção de sancionar as reformas. Eu só posso dizer que confio nesses atos, e todos nós estamos juntos transformando a economia brasileira, transformando a sociedade brasileira em busca de um caminho de prosperidade”, pontuou.

Em distintas entrevistas, Paulo Guedes chegou a assegurar que pretende fazer quatro grandes privatizações ainda em 2020: Eletrobras, Correios, Porto de Santos e Pré-Sal Petróleo S.A. Entretanto, faltando dois meses para o fim do ano, nenhum desses anúncios foi concretizado.

O ministro alega que as privatizações seriam uma estratégia para melhorar as contas públicas e o perfil da dívida pública. Esses dois indicadores pioraram por conta dos gastos extraordinários com a pandemia do novo coronavírus.

Disputa

Recentemente, Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), protagonizaram farpas públicas. O ministro da Economia, inclusive, chegou a salientar que Maia havia se aliado com a esquerda para emperrar a votação de privatizações.

O presidente da Câmara não “deixou barato” as acusações e chamou Guedes de “desequilibrado”.

Porém, apesar das críticas trocadas, Maia e Guedes aceitaram se reunir em um jantar com parlamentares no início do mês vigente. De lá, eles saíram anunciando uma “pacificação”.

Após o jantar, em declaração conjunta, os dois defenderam uma ação conjunta de Executivo e Legislativo para o avanço das reformas estruturais (assunto que levou às discordâncias públicas).

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