Com a aproximação do Dia dos Namorados, trazemos para você algumas histórias de amor inspiradoras que têm como cenário a Região Metropolitana de Salvador, a começar pela trajetória de Dona Esteva e Seu Zeca. Ela, tida como a “Mãe de Jauá”, em Camaçari, e ele, um grande pescador da região, estão namorando há mais de 64 anos.

Na época em que o romance teve início, moradores de Jauá usufruíam da calmaria própria dos anos 1950, quando se vivia majoritariamente da pesca e famílias iam à Lagoa para se banhar. “A Lagoa de Jauá já foi linda! A gente lavava roupa, tomava banho, mas ela agora está sendo resto de lagoa”, Esteva constata, saudosa dos bons tempos.

Ela ainda trabalhava na casa de uma família, na Rua Aquarius, quando notou os gracejos de um certo gari, que sempre passava pela região. Este foi o primeiro profissional de limpeza do bairro e se chamava José Pinheiro dos Santos. Ele garante que o amor por Esteva Pereira da Silva foi à primeira vista.

A paixão evoluiu para um namoro e, cerca de um ano depois, Esteva se mudou do bairro de Areias para viver com o amado em Jauá, levando ainda sua irmã mais nova consigo, já que sempre se comprometeu em cuidá-la, como faz até hoje. Logo Raimundo nasceu, o primeiro filho do casal. Em seguida vieram outras cinco crianças.

Criar a prole foi uma grande luta, já que a renda da dupla era baixa. Para arcar com as despesas, além de trabalhar em casas de família, Esteva conta ter sido a primeira baiana de acarajé da praia de Jauá, enquanto Zeca se dedicava à pescaria. Foi na dificuldade que o amor se fortaleceu. Zeca voltava para casa com a pesca e trazendo ainda diversas histórias para dividir com a companheira, como quando pescou uma tubarão, grávida de cinco filhotes de 3 kg cada. “É verdade, mesmo!”, ele garante.

Em 2016, o casal viveu um de seus momentos mais duros, quando Esteva Pereira precisou ser internada por conta de uma infecção. Na semana em que ela ficou no hospital, seu marido também adoeceu de saudade, aguardando por sua volta na residência dos dois. “Aqui um não consegue viver sem o outro, um se apoia no outro”, Zeca garante.

Hoje José Pinheiro tem 86 anos de idade e sua esposa contabiliza 87, com uma história de vida vitoriosa para contar. Eles fazem aniversário nos dias 15 e 16 de julho, algo que entendem como coisa do destino. Já com netos e bisnetos, os dois optaram por nunca se casar no civil, a fim de viver pra sempre as emoções de um relacionamento recém-iniciado. “Somos os eternos namorados!”, dizem.

No aniversário de 80 anos de Dona Esteva, no entanto, ela e Zeca se vestiram de noivos e celebraram a união. De vestido branco, a noiva preencheu o salão com sua alegria e o carisma do noivo divertiu a todos.

Fotos: Arquivo Pessoal

Já vacinados contra a Covid-19, agora eles aguardam até que seja seguro para que os churrascos de família com todos os filhos e netos voltem a acontecer com frequência. Claro, os sambas de Zeca Pagodinho são de lei e certamente estarão na trilha sonora, como o namorado de Esteva faz questão.

Quando questionados sobre qual é o segredo para se ter um relacionamento duradouro, os dois falam sobre respeito mútuo e confiança. “Tem que fazer por viver. Um tem que ouvir o outro, afinal é um casal, e manter o respeito, porque tudo é no respeito”, dona Esteva aconselha.

“Os casais hoje em dia têm que se conhecer melhor. Antigamente a gente tinha mais tempo de namoro pra se conhecer”, seu Zeca opina. E assim eles seguem, se conhecendo melhor há mais de meio século e animados pra viver muitos outros Dias dos Namorados.

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