A mulher de 63 anos, identificada como Iva da Silva de Souza, que foi resgatada em Vinhedo (SP) da casa onde foi mantida em cárcere privado por cerca de 20 anos, permanece no abrigo e vai passar por vários exames médicos nesta quarta-feira (26).

Segundo o G1, o secretário de Assistência Social da cidade, Eduardo Galasso, disse que a vítima não fazia acompanhamento de saúde com médicos enquanto era mantida na condição análoga à escravidão

Desde o seu pedido de socorro à Polícia Civil, que apurava suspeita de estelionato envolvendo o nome dela, Iva foi acolhida no abrigo da Prefeitura. Ela cuidava de outra idosa, de 88 anos, na condição de restrição de liberdade. A filha da idosa mais velha e o marido estão presos por estelionato, tortura e cárcere privado.

Conforme o G1, a mulher trabalhava na casa, não era remunerada, não saía e não falava com familiares. A família registrou desaparecimento dela na polícia em 1996.

O secretário de Assistência Social informou que o médico vai verificar se dona Iva será encaminhada para psicólogo ou psiquiatra após os exames, que serão realizados dentro do abrigo. Disse ainda que a idosa chamou atenção pela resiliência e força, apesar do que aconteceu, mas que está confusa.

A outra mulher, de 88 anos, segue internada na Santa Casa da cidade e a Assistência está verificando se ela terá alta médica nesta quarta. Assim que ela deixar o hospital, seguirá para o mesmo abrido onde dona Iva está.

Reencontro com familiares
Iva trabalhava para a mesma família há décadas e recebia salário, mas a situação mudou com a morte do patriarca e a condição do cárcere privado se instalou, segundo as investigações. Familiares do Paraná chegaram a registrar boletim de ocorrência de desaparecimento em 1996.

A Polícia Civil localizou familiares no Paraná e em Araraquara (SP), onde mora uma das irmãs de Iva. Odete da Silva Souza viajou 200 km para reencontrá-la no abrigo. A imprensa não foi autorizada a acompanhar o encontro, mas Odete contou da emoção de rever a irmã.

“Ela já veio de braços abertos para me abraçar. Eu estava sentada em uma salinha e ela apareceu: ‘Odete?’ Eu disse: ‘Odete’. Agora a gente sabe que ela está bem. Agora eu já posso [dizer]: ‘Mãe, a minha irmã está lá’. […] Minha mãe já não tinha mais esperanças”, disse.

Na cidade de Jesuítas (PR), a mãe de Iva, Maria da Silva, soube nesta terça-feira que a filha está viva. Iva saiu de casa muito jovem para trabalhar no interior de São Paulo como empregada doméstica.

“Eu estou muito emocionada. Estou feliz só de saber notícias dela”, disse a mãe. Ainda esta semana, mais familiares são esperados para visitar dona Iva em Vinhedo, informou a Secretaria de Assistência Social.

Investigação
Ecio Pilli Junior e Marina Okido, filha da idosa mais velha, foram presos preventivamente suspeitos de passar cheques sem fundo no nome da vítima e de mantê-la em condições análogas à escravidão.

O homem foi encaminhado nesta terça ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Jundiaí (SP), e ela à cadeia de Itupeva (SP).

De acordo com a Polícia Civil, além de manter Iva há pelo menos 20 anos reclusa, cuidando de outra idosa, o casal usava uma conta aberta no nome dela para aplicar golpes em comércios no bairro Vila João XXIII, em Vinhedo.

O casal e as idosas viviam em casas separadas, mas os suspeitos iam até a residência das mulheres todos os dias. Mariana tinha passagem por agressão na década de 1970 e o Ecio não tinha antecedentes criminais.

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