O Ministério das Relações Exteriores informou nesta segunda-feira, 04, que o diplomata Paulo Roberto de Almeida, diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, deixou o comando do órgão, vinculado ao Itamaraty.

Segundo o G1, Paulo Roberto de Almeida, diplomata de carreira desde 1977, publicou e reproduziu entre este domingo (3) e esta segunda textos sobre a crise na Venezuela. Ele não fez comentários sobre o posicionamento do Brasil, mas disse ter denunciado “o desastre que se preparava” no país e revelado “o caráter profundamente corrupto” do regime de Hugo Chávez, antecessor do de Nicolás Maduro.

O Brasil não reconhece a legitimidade de Maduro e considera o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente interino. Na semana passada, Guaidó esteve em Brasília e se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro. Em meio à crise entre os dois países, a Venezuela fechou a fronteira com o Brasil.

“A troca da Presidência do IPRI, no contexto da troca da grande maioria das chefias do MRE, já estava decidida e foi comunicada ao atual titular”, diz a nota do Itamaraty.

Paulo Roberto de Almeida disse à TV Globo que a mudança no comando do órgão já estava prevista, mas o “gatilho” para a saída foi a publicação de textos que, segundo ele, “causaram incômodo” ao ministro Ernesto Araújo.

“A nota é verdadeira quando diz que já estava previsto mudanças. Agora, o gatilho para a mudança foi devido a postagem de artigos no meu blog pessoal que causaram incômodo ao chanceler porque tanto o artigo do Fernando Henrique quanto a palestra do [Rubens] Ricupero são iminentemente críticas à política externa do chanceler atual”, declarou.

Ao G1, o Ministério das Relações Exteriores informou que não vai comentar a declaração do diplomata.

Em um dos textos reproduzidos por Paulo Roberto de Almeida, da revista “Época”, é dito que “o discurso ultraconservador do novo chanceler, que colocou o Brasil no mesmo eixo político de democracias iliberais como a Hungria e a Polônia, com as quais temos pouquíssimos pontos em comum, já está custando danos à reputação e à imagem do Brasil no exterior e poderá ter consequências políticas negativas.”

Em outro texto, assinado por outras duas pessoas, é dito que “serve como alerta para Ernesto Araújo: administrar as relações do Brasil num mundo globalizado (ou mesmo ‘globalista’, no seu linguajar tosco), é bem mais complexo do que encher um blog com textos oportunistas. Bem-vindo ao mundo real, chanceler.”

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