Em Lauro de Freitas, oito homens em dois carros abriram fogo em uma rua do bairro de Portão, onde mataram um homem e deixaram outras sete pessoas feridas.

Segundo o delegado Cláudio Meirelles, da 34ª Delegacia (Portão), pelo número de feridos, Portão tinha tudo para ser palco de uma matança. os disparos foram realizados por integrantes do bando de Babão. Testemunhas confirmam a versão da polícia e acrescentam que os bandidos caçavam Cristiano Graça Leal, 26 anos, morto com vários tiros, que pertencia a um grupo rival.

Os demais feridos são moradores, vítimas de balas perdidas durante a perseguição a Cristiano. Todos os baleados foram levados ao Hospital Geral Menandro de Faria. O clima na emergência, que já era tenso com parentes buscando notícias, piorou com a chegada de oito criminosos. Eles desceram de um Peugeot e um Polo, desprezando a presença de dois policiais militares que faziam a segurança do hospital.

Eles queriam a certeza da morte de Cristiano. Então, um dos bandidos teve acesso ao necrotério, após pular o muro. “Os policiais, coitados, nada fizeram”, declarou uma enfermeira. Em seguida, o homem, armado, abriu uma das janelas do conforto médico e perguntou a uma obstetra sobre o paradeiro de uma mulher. “A médica disse que não sabia do que se tratava, fechou a janela rapidamente e se protegeu no banheiro”, contou um funcionário. O bandido desistiu ao perceber que o tumulto poderia atrair os policiais.

A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que, das sete vítimas que deram entrada no Menandro de Faria, quatro ainda estavam internadas até 19h de ontem. Especulou-se que Cristiano teria chegado vivo ao hospital e foi morto após a invasão dos bandidos. Já uma funcionária da unidade médica relatou que uma mulher armada chegou procurando por Cristiano e que havia quebrado os vidros da emergência. Nenhuma das informações foi confirmada pela polícia.

O crime

Era 17h30 quando os bandidos do bando de Babão levaram o terror à rua Francisco Cruz. Cristiano estava no local quando foi surpreendido pelo grupo, que saiu em sua perseguição atirando. Entre os feridos no ataque em Portão está um garoto de 11 anos, Caio Ibraim Rocha, que empinava pipa na hora. O menino foi atingido nas costas e está internado com estado de saúde estável.

“Foi rápido. Só vi meu sobrinho gritando. Ele estava a 200 metros do tiroteio. Somos vítimas de uma guerra que a gente não participa”, disse o tio do garoto. A dona de casa Josefa Benícia dos Santos, 66 anos, conversava na porta de casa quando foi atingida na perna direita. “Estava com cinco vizinhos, batendo papo. Aí percebi que a minha perna sangrava. Moro aqui há 15 anos e isso nunca me aconteceu. Eu quero sair daqui”, afirmou, apavorada. Dona Josefa foi medicada e já teve alta.

O comerciante Carlos Alberto Rocha, 47, vizinho de Josefa, foi baleado no calcanhar direito, medicado e também está em casa. O quarto morador da rua, Julio Dias Nunes, 30, foi atingido nas nádegas e teve alta.

Foram também baleados e continuam internados no hospital: José Raimundo Conceição Júnior, 18 anos, Gabriel Batista dos Santos, 28 anos, e Liliane Andrade dos Santos, de idade ignorada. Segundo a Sesab, nenhum deles corria risco de morte. Fonte Correio