Um dos principais eventos do verão baiano e a segunda maior festa popular do estado, atrás apenas do Carnaval, a Lavagem do Bonfim mobiliza, nesta quinta-feira (12), baianos de várias partes do estado e turistas do Brasil e do mundo. O trajeto de oito quilômetros entre as basílicas de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a do Senhor do Bonfim tem como uma das principais características o sincretismo religioso. A festa reúne fiéis católicos e das religiões de matrizes africanas, marca das festas populares da Bahia.
O percurso, feito a pé, é precedido por um grupo de baianas, tipicamente vestidas, seguido por uma multidão vestida de branco. Além de garantir beleza ao cortejo, são elas que, carregando jarros de água de cheiro (preparada com flores e folhas cheirosas utilizadas nos rituais dos terreiros de Candomblé), realizam o ritual da lavagem do adro da Igreja do Bonfim.
A saída da caminhada do bairro do Comércio em direção à colina sagrada, no Bonfim, onde se localiza o templo, está prevista para às 8h. No percurso, fiéis e participantes aproveitam para fazer e renovar pedidos, agradecer as graças alcançadas e renovar as energias. As demonstrações de fé e a beleza da festa estão entre os motivos que convidam os turistas a participar da lavagem, que faz parte da tradição baiana de reunir sagrado e profano nas comemorações religiosas do Estado.
Às 9h, show de músicas religiosas no adro da Igreja prepara o público para o momento da bênção. Ponto alto da caminhada, a acolhida das baianas pela Devoção do Senhor do Bonfim está prevista para o meio-dia, quando se dá a entrega das vassouras para a lavagem das escadarias e adro da igreja. Neste momento, muitos aproveitam para molhar a cabeça com água de cheiro, num gesto de fé, esperança e purificação. Subir a Colina Sagrada é a prova maior de devoção. No final, a Imagem peregrina do Senhor do Bonfim ficará próxima à porta principal da Basílica para veneração pública dos fiéis até às 18h.
Nos últimos dias, a procura dos turistas pela Basílica do Bonfim já se tornou mais intensa. Na terça (10), a turista de São Paulo, Catarina Andrade, 60 anos, aproveitou a parada em Salvador do navio de cruzeiro em que viaja para visitar a Colina Sagrada. Por ser bastante famosa, muito visitada, segundo explicou, não podia deixar passar a oportunidade. A micro-empresária vai deixar a capital baiana antes da lavagem, mas, mesmo assim, se rendeu à tradição seguida pelos baianos e foi, além de agradecer, pedir proteção ao Senhor do Bonfim pelo ano recém-iniciado.
Dia festivo
Na Lavagem do Bonfim, fé, festa e manifestações populares mostram a diversidade da cultura baiana. A lavagem é o lado mais profano das festividades em homenagem Senhor do Bonfim, sincretizado como o orixá Oxalá, e que se estendem até o próximo domingo (15), quando alvorada, missas e procissão marcam o dia festivo àquele que é considerado o padroeiro do coração dos baianos. O encerramento se dá com bênção do Santíssimo Sacramento e queima de fogos de artifício.
As novidades das festividades este ano ficam por conta da Bênção Apostólica, com Indulgência Plenária, dada, pela primeira vez, pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, D. Murilo Krieger, após a missa solene, às 10h do domingo, e da participação de várias imagens do Bom Jesus na procissão dos três pedidos (três voltas em torno da Basílica, fazendo os três pedidos) também no domingo.
Além disso, como parte das homenagens, a Basílica Santuário receberá de 13 a 16 de janeiro a visita da Imagem Jubilar de Nossa Senhora Aparecida, em comemoração aos 300 anos do encontro da imagem no rio Paraíba do Sul e até o dia 31 de janeiro, a Basílica Santuário ficará aberta até as 20 horas.