O médico Yang Fonseca leu ao vivo um e-mail de uma médica em que pedia segurança em PSF de Camaçari. Fonseca entrou no ar durante o Jornal da Sucesso, da rede Sucesso FM 93.1, nesta manhã, dia 9, para ler um relato de um colega de trabalho do Posto de Saúde da Família da comunidade de Areias, em Camaçari.

Segundo o representante do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindmed), em Camaçari, não há segurança nos PSFs o que afeta as condições de trabalho da categoria.

Veja abaixo a transcrição do e-mail escrito por uma médica do PSF de Areias. O fato ocorreu no dia 4, na mais recente quarta-feira.

Gostaria de dividir com vocês o momento de angústia que vivi ontem no Posto de Areias. Um usuário de drogas entrou no meu posto e agrediu verbalmente a todos os funcionários que ali estavam. Chegou bem próximo de mim e ficou por 2 minutos, a três centímetros de distância, expressando toda a sua raiva com diversos xingamentos. Naquela hora rezei para que fosse embora e não fizesse nada. E sinceramente não entendi porque foi embora sem nada ter feito, tinha tanta raiva no olhar e indignação…

Quando consegui sair daquela situação, entrei no posto com outros funcionários e pegamos o telefone para ligarmos para Polícia. O indivíduo retornou e novamente agrediu outras pessoas e disse que se chamássemos a Polícia, ele iria voltar e espancar a gente, do mesmo jeito que fariam com ele no ponto de ônibus ou dentro do carro. Ameaçou tocar fogo no posto junto com todos os funcionários. Soube depois dessa situação, que ele já havia tentado, há uma semana atrás, colocar fogo no quintal da Unidade.

Conseguimos fugir, eu e mais seis funcionários para a delegacia mais próxima. O policial foi bem claro que não poderia fazer nada naquela situação, para os mais próximos já havia dito que estão soltos e presentes em qualquer local e nós médicos estamos sujeitos a passarmos por situações parecidas. E, sinceramente, não existe ninguém capaz de ajudar nesse momento.

Não tenho raiva desse indivíduo, como tenho desses corruptos que desviam dinheiro público e nos deixam refém dessas situações e que só sabem cobrar e exigir as obrigações dos outros e nunca as deles. Estou pedindo ajuda de vocês – aos nossos colegas – não só por mim, mas por todos os funcionários que acordam cedo, para dar o melhor de si e não são reconhecidos.

Precisamos de segurança. Isso deve ser para ontem, aconteceu comigo, e o próximo com quem será? Vamos esperar uma tragédia para nos mobilizarmos? Ninguém se preocupa com a gente mais que nós próprios. Vamos à secretaria da saúde para pedirmos a transferência."

Por Karina Costa