Levando em conta os cenários pré e pós-pandemia do novo coronavírus (Covid-19), uma pesquisa global, realizada pela ADP Research Institute, apontou que houveram distintas alterações com relação às perspectivas sobre otimismo no ambiente de trabalho; mudança de cargos, trabalho flexível, horas trabalhadas e remuneração e trabalho freelancer estão na lista de avaliações.

A primeira parte da pesquisa aconteceu entre os meses de novembro e dezembro do ano passado; na ocasião, foram ouvidos cerca de 32 mil trabalhadores, em 17 países do mundo.

Já a segunda edição do estudo ocorreu no mês de maio deste ano de 2020, e ouviu 11 mil trabalhadores em seis países (Espanha, Reino Unido, EUA, China, Índia e Brasil), selecionados como representativos para o trabalho comparativo.

A vice-presidente de Recursos Humanos da ADP na América Latina, Mariane Guerra, destacou que, antes da pandemia do novo coronavírus, as relações de trabalho já vinham passando por uma profunda transformação, levando em consideração os avanços tecnológicos, adversidades econômicas e das exigências de novas competências dos trabalhadores.

Durante o levantamento, foram abordados questões como o otimismo dos trabalhadores no ambiente de trabalho pelos próximos cinco anos.

Na primeira edição da pesquisa, 86% dos participantes afirmaram que se sentiam otimistas, contra 84% do segundo levantamento.

Na análise específica dos dados no território brasileiro, o percentual fica em 89% nas duas edições, levemente acima da média dos seis países. De acordo com Mariane, “isso mostra que, mesmo com as adversidades econômicas que o Brasil vem passando nos últimos anos, os trabalhadores se mantêm otimistas, o que não foi apontado em outros países como China, Índia e Espanha, que apresentaram queda após a Covid-19”.

Também foram investigados no estudo a percepção dos trabalhadores para daqui a cinco anos em relação à atividade que exercem atualmente. Neste cenário, os brasileiros surgem como os que menos preveem o fim de suas funções dentro do período, nos dois estudos.

Para 75% dos entrevistados no Brasil, as funções que exercem presentemente não deixarão de existir até 2025.

Assim como os trabalhadores brasileiros, a maioria dos europeus também não acredita na extinção de suas funções, com apenas 17% dos entrevistados apostando nesta hipótese na primeira edição e 16%, na segunda.

Outro ponto ressaltado no estudo está ligado à possibilidade de trabalho flexível. No Brasil, a porcentagem de trabalhadores que garantem que suas empresas possuem uma política oficial que permite trabalho flexível quase dobrou na comparação com a primeira edição do estudo, passando de 27% dos entrevistados para 50%.

Entre todos os países analisados, quase metade (44%) dos participantes assegurou que os empregadores têm políticas oficiais de trabalho flexível implementadas, em comparação com apenas um em cada quatro (24%) do resultado anterior. A proporção de participantes que dizem que a gerência sênior permite essa forma de trabalho saiu de 19% para 28%.

Remuneração

Ao longo do estudo, os pesquisadores levantaram alguns sacrifícios que os trabalhadores estariam dispostos a fazer em relação à remuneração para manter o emprego.

Neste ponto, 46% dos brasileiros aceitariam redução de seus rendimentos para a manutenção dos empregos; 18% aceitariam um adiamento; 9% considerariam a rescisão como aceitável; e outros 26% não considerariam nada apropriado nem aceitável.

Os trabalhadores indianos são os que mais aceitariam uma redução de seus rendimentos se isso significasse a manutenção do emprego, com 51%, seguido pelos chineses (34%).

Outras informações

Ademais, a pesquisa ainda avaliou a forma de trabalho preferida pelos voluntários nos levantamentos realizados.

Antes da Covid-19, somente 18% dos brasileiros responderam que preferiam o regime de freelancer. Apesar de um leve acréscimo, chegando a 20% pós-Covid-19, a porcentagem se manteve baixa. Na Europa, o número também apresentou leve incremento nos dois estudos, indo de 13% para 18%.

Embora as funções permanentes continuem sendo, de longe, a opção preferencial antes e depois do novo coronavírus, os estudos revelam que o apelo do trabalho freelancer não diminuiu.

Antes da crise sanitária, 15% de todos os trabalhadores (regulares e freelancers) responderam que escolheriam o trabalho freelancer, em vez de uma posição permanente, caso ambas as opções estivessem disponíveis. Na segunda edição da pesquisa, esse percentual subiu para 18%.

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