Uma merendeira afirma ter sido agredida por um policial militar durante um protesto, realizado no bairro de Brotas, em Salvador, na manhã desta terça-feira (19).

Na ocasião, um grupo de professores, merendeiras e alunos das estaduais Luis Viana e Manuel Vitorino bloquearam a passagem de carros na Rua Waldemar Falcão, em protesto contra os salários atrasados dos funcionários das duas unidades.

A Polícia Militar tentou liberar a rua e um policial chegou a discutir com um dos manifestantes. Depois, o grupo seguiu em caminhada pelas ruas da avenida D. João VI. Ao chegar à praça da Cruz da Redenção, a merendeira Célia das Neves foi detida pela polícia e ficou presa no camburão durante uma hora.

Além disso, o policial jogou spray de pimenta em outra participante que resolveu se aproximar, após Célia ser imobilizada pela polícia. Segundo a merendeira, a confusão começou quando o mesmo PM agrediu uma professora e jogou spray de pimenta na filha dela. "Quando ele jogou o spray e atingiu minha filha, atingiu outra aluna da escola eu peguei, também não gostei fui lá reclamar com ele, ele disse que era autoridade. A gente estava brigando por um direito da gente, são três meses sem salário. A gente não saiu na rua para agredir ninguém, nem para bater em ninguém", disse Célia.

A merendeira registrou ocorrência sobre a agressão na Delegacia de Brotas. Segundo a delegada Maria Dail, titular da unidade, pode ter havido um excesso da polícia e isso será apurado. "Administrativamente ele [o policial] vai responder na Corregedoria da Polícia Militar", disse.

Em nota, a Polícia Militar disse que a merendeira estava exaltada e desacatou o PM. A polícia informou ainda que usou gás lacrimogênio para conter o tumulto.

A Secretaria da Educação do Estado informou que a empresa Líder, que terceiriza o serviço das merendeiras, está sendo substituída por não cumprimento do contrato e que todos os funcionários vão ser contratados pela nova empresa. O sindicato do setor disse que está marcado para quinta-feira (21) uma audiência no Ministério Público do Trabalho para discutir o problema.

Protesto

Mais de 400 merendeiras que trabalham em escolas públicas do estado estão em greve por causa do atraso no pagamento dos salários. São funcionárias da empresa Líder, tercerizada contratada pelo governo. Sem merenda, o horário das aulas foi reduzido.

Na Escola Cesare Casali, no bairro Pirajá, as aulas estão mantidas, mas os 1.100 alunos estão sem alimentação. Segundo os estudantes, há mais de três semanas as merendeiras pararam as atividades. Sem merenda, os alunos são liberados mais cedo. "A gente fica prejudicado porque não temos as aulas todas", afirma o estudante Luís Henrique, de 13 anos.

As informações são do G1.