A falta de reconhecimento e de condições de trabalho tem atraído cada vez menos alunos para uma profissão que já esteve entre as mais valorizadas no país: a de professor. A cada 100 jovens que ingressam nos cursos de pedagogia e licenciatura no país, apenas 51 concluem o curso. Entre os que chegam ao final do curso, só 27 manifestam interesse em seguir carreira no magistério. As informações foram levantadas pelo movimento Todos Pela Educação, com base em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

“Temos um apagão de professores, principalmente pela desvalorização. A gente já atrai pouco e, dos que vão para a formação inicial, poucos permanecem na carreira. E não se consegue ter uma área de atuação que consiga atrair os melhores alunos do ensino médio”, diz a presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.

Salários melhores

Em 2014, O dia do professor, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou Nota Técnica que mostra as alterações no perfil dos docentes, com recorte de 2002 a 2013. A pesquisa enfoca os professores que atuam na educação básica, contratados por estados e municípios, a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O grande destaque do documento trata do crescimento da remuneração média dos professores estaduais e municipais no trabalho principal, que acendeu 41,1% em termos reais, passando de R$ 1.249,22 para R$ 1.762,23. De acordo com os dados coligidos, o crescimento real acima de 39% ocorreu em quatro regiões do país, exceto no Sudeste, onde apresentou aumento real de apenas 8,4%. A região Sudeste possuía o rendimento médio mais alto em 2002, mas foi ultrapassada pelos estados do Sul e do Centro-Oeste.

Mas o ritmo de crescimento foi mais intenso nos estados do Nordeste, onde a valorização real do rendimento do docente chegou a 77,6%. Depois, vêm o Centro-Oeste, com crescimento real de 53,9%, o Sul (40,5%) e o Norte (39,4%). “O ritmo de desenvolvimento foi constante ao longo do período, tendo sido intensificado nos dois últimos anos”, explica a Nota. Porém, de acordo com o Dieese, a única exceção aconteceu do crescimento da carreira foi apenas nos estados do Sudeste, nos quais o rendimento real foi muito abaixo daquele das outras regiões.

 

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