Mesmo sem o aval do Ministério da Saúde, os remédios estão mais caros nas farmácias de Salvador. A expectativa era de que os preços subissem só após a publicação do percentual de reajuste – que chega a 6,31% – no Diário Oficial da União, prevista para esta semana. Mas quem for às ruas já vai pagar mais na compra do medicamento.

O CORREIO percorreu ontem quatro farmácias na cidade (Sant’Ana, Drogasil, Pague Menos e São Paulo) e em todas elas os funcionários confirmaram que os preços de alguns remédios estão mais caros desde segunda-feira.

Quem percebeu o aumento de cara foi o advogado Altamiro Gomes. Há 15 dias, ele disse que comprou a pomada Espersom por R$ 22. Ontem, ele adquiriu o mesmo produto por R$ 23. “A diferença parece pouca, mas quando você soma outros remédios, no fim das contas, pesa muito”.

Já temendo um possível aumento, o aposentado Orlando Amorim preferiu garantir logo dois frascos do colírio Combigan, do qual faz uso diário. “Eu pago, em média, R$ 113 pelo frasco, mas vi que o preço ia subir e comprei logo dois na semana passada”.

O também aposentado Renato Costa viu o seu remédio para o colesterol subir de R$ 28 para cerca de R$ 30. “O problema é que, além desse, preciso do remédio para próstata, tomo xarope e ainda antibiótico. A conta vai para as alturas”, queixa-se.

Reajuste O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que a resolução com os percentuais de aumento dos medicamentos será publicada ainda esta semana no Diário Oficial da União e os reajustes não serão acima da inflação.

“De acordo com a fórmula de cálculo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cemed), não teremos reajuste acima da inflação para nenhuma categoria. E a maior parte dos medicamentos terá reajuste autorizado abaixo do que foi o IPCA”, disse.

O Ministério da Saúde informou ainda que os laboratórios não estão autorizados a elevar os preços e que essa permissão só virá a partir da publicação dos índices. Pelos cálculos da Cemed, o aumento no preço dos remédios deve variar de 2,7% (nível 3) até 6,31% (nível 1). Os medicamentos de nível 2 serão reajustados em torno de 4,5% (veja os níveis no infográfico

ao lado).

Apesar do governo não ter publicado os índices oficialmente, o diretor executivo da Associação Brasileira de Atacado Farmacêutico (Abafarma), Jorge Froes, disse que as distribuidoras já receberam as listas das indústrias com novos valores. “E quem recebeu está repassando”, afirmou.

No entendimento de Froes, a primeira resolução da Cemed, publicada em 12 de março, não apenas estabeleceu os critérios de composição do aumento, como também autoriza o reajuste desde o dia 30. “Isso [o reajuste] é algo que ocorre todo ano, sempre nessa data. Este ano, não sei por qual motivo, houve um atraso na publicação do índice. Mas a autorização já saiu desde o dia 12 de março”, afirma Froes.

Pesquisa ainda é melhor saída para economizar na compra

Segundo Jorge Froes, o reajuste vai atingir todos os medicamentos – são mais de 25 mil registrados. Segundo ele, contudo, cerca de 8 mil são consumidos pelo grande público nas mais de 70 mil farmácias do país. O que estimula a diferença de preço de um remédio para o outro nesse caso é a concorrência entre os mais de 300 laboratórios fabricantes. Por isso, pesquisar ainda é a melhor saída para não gastar além da conta.

O CORREIO preparou uma lista com sete dos medicamentos mais populares e pesquisou a diferença de preço entre eles em quatro farmácias da capital baiana na Barra e no Centro. A variação chega a 137% no caso do amoxicilina, que custa R$ 6,05 em uma farmácia e chega a R$ 14,34 em outra (ver infográfico acima). “Tem que ficar atento. Eu bato perna, ando tudo que é farmácia, mas não levo de primeira. Tenho amor ao meu dinheiro”, comenta a servente Lourdes Fonte: Correio