Em seu novo livro, batizado de “A Escolha, Como um Presidente Conseguiu Superar Grave Crise e Apresentar Uma Agenda Para o Brasil”, o ex-presidente da República, Michel Temer, fez revelações sobre o impeachment sofrido pela então presidenta Dilma Roussef (PT), quando ele ainda era vice.

Na obra, Temer destaca que esteve em contato com as Forças Armadas antes do processo, sob a justificativa de que o exército desejava a saída do Partido dos Trabalhadores (PT) do poder.

O livro, foi criado por meio de uma parceria com o professor de filosofia Denis Lerrer Rosenfield. De acordo com informações do ‘Estadão’, que teve acesso à íntegra da obra, o ex-presidente frisa os encontros com o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, bem como as reuniões com o chefe do Estado Maior da Força, general Sérgio Etchegoyen, entre os anos de 2015 e 2016, antes do impeachment de Dilma. 

A relação do Partido dos Trabalhadores com os militares teria se desgatado, segundo o livro de Temer, em razão da Comissão Nacional da Verdade, pois havia o receio de que Dilma tentasse mudar a Lei da Anistia, que perdoa crimes de militares durante a ditadura. Com isso, os militares temiam, ainda, que o PT buscasse mudar a forma de acesso de oficiais ao general e a formação dos militares nas academia. Queriam, por isso, ouvir o então vice para saber, nas palavras de Rosenfield, com quais cenários deviam trabalhar.

Após o impeachment de Dilma, Villas Boas seria mantido no cargo e Etchegoyen seria nomeado ministro do novo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), recriado por Temer. 

Ademais, no decorrer do livro, os delatores Joesley e Wesley Batista, da JBS, são comparados a Joaquim Silvério Reis e a Judas, enquanto Temer se vê como o personagem da série de TV Designated Survivor, que conta a história de um secretário americano que se descobre presidente dos EUA depois que a cúpula do governo morre numa explosão. O ex-presidente afirma acreditar que seu governo será reconhecido pela moderação e pelas reformas que promoveu. 

Ainda segundo Temer, o impeachment de Dilma foi fruto de Eduardo Cunha (MDB), em razão de o PT ter lhe negado o apoio.

“O que aconteceu é que o PT agrediu muito o presidente da Câmara e, em face dessa agressão, ele não teve outra alternativa”, garante.

Em seguida, Temer lamenta que, mesmo assim, tenha sido chamado de golpista: “Golpista… O tempo todo. É um movimento político que mostra como temos pouco apreço pela institucionalizado”, assegura o ex-presidente, argumentando que sua posse significou somente o respeito à Constituição. 

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