O Ministério Público do Estado (MP-BA) informou que vai instituir um grupo de trabalho para discutir mecanismos de atuação frente aos protestos que bloqueiam rodovias e impedem a circulação de pessoas e veículos. O grupo vai atuar em articulação com o Ministério Público Federal (MPF), a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), a Secretaria da Segurança Pública (SSP), além das polícias rodoviárias Federal (PRF) e Estadual (PRE).
Ontem, o titular da Seinfra, Otto Alencar, entregou ofício ao MP em que pedia a fiscalização em protestos. “Não sou contra as manifestações, mas o direito de ir e vir das pessoas deve ser respeitado”, disse. Ele informou, ainda, que, em média, 4 rodovias por dia são obstruídas no estado. “São motivos diversos, como obras. Qualquer coisa é motivo para fechar tudo, mas isso não pode ser permitido”.
Manifestação
Moradores do povoado Menino Jesus fecharam os dois sentidos da BR-324 entre as 5h30 e 13h de ontem após a Via Bahia, concessionária responsável pela administração da rodovia, fechar um acesso que permitia a chegada à localidade sem que fosse preciso passar pelo pedágio.
Com queima de pneus e madeiras, os moradores se instalaram no km 595, entre o pedágio e o viaduto de Candeias, causando um congestionamento de 25 km, no sentido Salvador, e 10 km no sentido Feira, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O trajeto de Salvador para Feira de Santana, que dura em torno de uma hora e 30 minutos durou, para o técnico de informática Tiago Ferreira, seis horas. “A PRF mandou ir por São Sebastião do Passé”, relatou. A diretora regional de educação de Irecê, na região Central do estado, Conceição Araújo, 50, estava no ônibus para Salvador desde 22h de segunda, mas ficou parada no bloqueio por oito horas. “Já dava para ter voltado a Irecê, Parou aqui 5h da manhã, normalmente chegamos às 8h”, comentou ela, por volta das 11h30. “Já comi todas as minhas barras de cereal e estamos aqui sofrendo sem ter o que comer”, relatou a professora, que perdeu a aula de mestrado que teria na capital.
Também parada no bloqueio, a estudante Fabricia Gonçalves veio de Irecê providenciar os documentos para a fazer a matrícula no mestrado de Belas Artes e não sabe se terá uma nova oportunidade de viajar porque começa um novo emprego hoje. “Muita gente desceu e foi andando, toda hora eles chegam para colocar mais coisa na barricada e a polícia diz que não pode fazer nada”, questionou.
Segundo a assessoria da Via Bahia, o acesso era irregular e acontecia na contramão, portanto o fechamento será mantido por motivos de segurança. O acesso regular para o povoado se situa cerca de 3 km depois do desvio feito.
De acordo com Juliane Ramos, moradora que participou do movimento, além do desvio, os moradores querem melhorias na rodovia, na comunidade, segurança, urbanização, revitalização. “Essa é a única forma que a gente tem de protestar”, disse ao portal G1.
Cancelamentos
Segundo a Agerba, agência que regula o transporte rodoviário no estado, pelo menos 15 horários de ônibus com destino a Salvador foram cancelados por conta do congestionamento pela manhã e, até as 15h, mais dois horários foram cancelados na rodoviária de Salvador. “Os ônibus geralmente vão e voltam. Como muitos nem foram, ainda estamos tendo repercussão”, explicou o especialista em regulação do órgão Paulo Andrade.
Após negociações com oficiais da PRF e uma equipe da Via Bahia, os manifestantes cederam, por volta das 12h30, e o Corpo de Bombeiros começou a apagar o fogo e retirar os entulhos. A via foi completamente liberada por volta das 13h, mas o tráfego prosseguiu lento.
Em outro protesto, um grupo de cerca de 150 moradores de Cajazeiras de Abrantes fechou os dois sentidos da estrada da Cascalheiras, entre 6h e 7h, para pedir melhorias no bairro. As informações são do Correio.