O surfista Ricardo dos Santos morreu nesta terça-feira, um dia depois de levar três tiros em frente à sua casa, na Guarda do Embaú, em Palhoça, Santa Catarina. O atleta passou por quatro cirurgias no Hospital Regional de São José, mas perdeu muito sangue e não resistiu aos múltiplos ferimentos que atingiram pulmão e tórax. Familiares e amigos se desesperaram na entrada do hospital após a notícia.A mãe, Luciene dos Santos, chorava muito e gritava: "É mentira, é mentira, eu quero o meu filho de volta. Traz ele de volta, traz, por favor". Ela caiu no chão e precisou ser socorrida por familiares.
Até o momento, o hospital não emitiu nota oficial confirmando a morte do surfista. A informação é de familiares que estão em contato com médicos e funcionários do hospital. Os suspeitos dos disparos, um policial militar e o irmão dele, foram detidos pela polícia local.
Na manhã da última segunda-feira, Ricardinho e o avô, Nicolau dos Santos, faziam uma obra em casa, na Guarda do Embaú. O carro do PM Luiz Brentano, que é de Joinville e estava de folga, teria parado em cima de um cano em frente à casa do surfista. O avô pediu para que os dois homens retirassem o carro do local para que o reparo no cano pudesse continuar sendo feito. O policial teria se negado, e Ricardinho foi tirar satisfações, levando três tiros no tórax e abdômen.
O surfista foi levado ao hospital pelo helicóptero do Corpo de Bombeiros e deu entrada consciente. Ele sofreu com as hemorragias, passou por quatro cirurgias, ficou na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não conseguiu reagir ao tratamento.
O quarto procedimento cirúrgico de Ricardinho foi encerrado no final da manhã desta terça. O corpo médico conseguiu conter nova hemorragia, que havia surgido de manhã, e o surfista foi encaminhado novamente para a UTI. No entanto, mais uma vez, ele voltou a sofrer com as hemorragias e sofreu uma parada cardíaca. A mãe Luciene dos Santos, e a namorada, Karoline Esser, foram chamadas para o interior do hospital e voltaram chorando muito.
Em 2011, Ricardo dos Santos já havia reclamado publicamente da violência na Guarda do Embaú, citou "bandidos" e "medo de tiro" no local onde foi baleado nesta segunda-feira. Nascido e criado em Palhoça, ele sempre mostrou carinho pela localidade. No entanto, nos últimos anos começou a reclamar do descaso da polícia.
Após balear Ricardinho três vezes, o policial militar Luiz Brentano foi preso em flagrante por tentativa de homicídio, mas alegou legítima defesa. Ele prestou depoimento por 20 minutos na Delegacia de Palhoça antes de ser encaminhado para o quartel da Polícia Militar em Florianópolis, onde permanece detido – assim como o irmão, que estava junto no momento do crime. O agente público estava de férias em Palhoça. Segundo a nota da corporação, o soldado, que pertence ao 8º Batalhão de Joinville, no Norte do de Santa Catarina, responderá inquérito administrativo, além do que foi instaurado pela Polícia Civil.*Globo Esporte