Uma manifestação será realizada neste sábado (28), às 15h, na Avenida Tancredo Neves, em frente ao Shopping da Bahia, para chamar a atenção da sociedade para os números alarmantes de violência contra as mulheres. O ato é intitulado “Trinta homens estupraram todas nós! Pelo fim da cultura do estupro”, em referência ao caso ocorrido nesta semana com uma garota de 17 anos, estuprada por 33 homens, no Rio de Janeiro, e que ganhou repercussão nacional e internacional.

“Esse caso não se trata de uma exceção! No Brasil, tem-se uma forte cultura do estupro que é reproduzida desde um assédio nas ruas até a consumação da violência sexual contra as mulheres”, diz a descrição na página oficial do evento no Facebook. O ato contará com exposição de faixas e cartazes, batucada feminista e ações nos ônibus e nas passarelas da região.

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O crime

O estupro aconteceu no último sábado, 21, em uma comunidade da Zona Oeste. Em depoimento à polícia, ela disse que foi até a casa de um rapaz com quem se relacionava há três anos. Ela se lembra de estar a sós na casa dele e só se lembra que acordou no domingo, em uma outra casa, na mesma comunidade, com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Ela destacou que estava dopada e nua.

A garota retornou para casa na terça-feira (24). “Ela chegou descalça, descabelada, com aspecto de que tinha se drogado muito e com uma roupa masculina toda rasgada. Provavelmente eles deixaram ela nua e ela vestiu aquilo pra vir em casa”, contou a parente. A família teria questionado a menina o que havia acontecido, mas ela não revelou nada.

No mesmo dia, segundo contou um familiar da vítima ao G1, a menina teria voltado à comunidade para tentar reaver seu celular, que foi roubado. Um agente comunitário foi quem a acolheu, ao perceber como ela estava, e a conduziu para junto da família novamente.

A família só soube do estupro na quarta-feira (25), quando fotos e vídeos exibindo a adolescente nua, desacordada e ferida estava sendo compartilhado na internet pelos agressores, que ironizam o próprio crime.

“Eu a mãe, a gente chora quando vê o vídeo. O pai dela não aguenta falar que chora muito. Nosso sentimento é de tristeza, de indignação, estamos estarrecidos de ver até que ponto chega a maldade humana, né. A família está, assim, sem palavras, consternada”, desabafou a avó da garota. A ouvidoria do Ministério Público recebeu mais de 800 denúncias sobre esse caso.

Nesta quinta-feira (26) a adolescente foi ao médico e tomou um coquetel para evitar doenças sexualmente transmissíveis. A Secretaria Municipal de Saúde disse que ela vai ter acompanhamento psicológico.

A OAB do RJ disse, em uma nota de repúdio, que um ato repulsivo como este nos mostra que precisamos combater diariamente a cultura do machismo. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal divulgou uma nota pedindo rapidez e rigor na identificação de todos os envolvidos.

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