Na manhã desta quinta-feira (3/12), durante participação na audiência pública na comissão mista do Congresso, que acompanha as ações de enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19) e a execução orçamentária durante a pandemia, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ressaltou que são “uma, duas ou três” as opções de laboratórios que desenvolvem vacinas contra a doença, cuja quantidade é suficiente e possui um bom cronograma para atender as necessidades do território brasileiro.

O ministro destacou que cerca de 15 milhões de doses de imunizantes contra a Covid-19 devem chegar ao Brasil no início de 2021. Essa quantidade representa a metade do que o ministério vinha informando que receberia no primeiro mês do ano que vem.

Em distintas ocasiões, técnicos da pasta e da  Fundação Oswaldo Cruz  (Fiocruz) salientaram que, aproximadamente, 30 milhões de doses estariam disponíveis em janeiro de 2021.

No acordo assinado, com valor deR$ 1,9 bilhão, é prevista a entrega de 100 milhões de doses no primeiro semestre.

“Em janeiro e fevereiro, já começam a chegar 15 milhões de doses dessa encomenda tecnológica da AstraZeneca e de Oxford com a Fiocruz. E no primeiro semestre chegaremos a cem milhões de doses. No segundo semestre, já com a tecnologia transferida pronta, nós poderemos produzir com a Fiocruz até 160 milhões de doses a mais. Só aí são 260 milhões de doses”, pontuou Pazuello.

Pazuello também garantiu que existe muita publicidade relacionada às vacinas, porém, que as propostas se mostram insuficientes após escrutínio.

“Ainda sobre vacinas, queria deixar uma coisa clara: ficou muito óbvio que são muito poucas as fabricantes que têm a quantidade e o cronograma de entrega efetivo para o nosso país. Quando a gente chega ao final das negociações e vai para cronograma de entrega, fabricação, os números são pífios”, contou.

“Números de grande quantidade [de vacinas] realmente se reduzem a uma, duas ou três ideias. A maioria fica com números muito pequenos para o nosso país”, acrescentou o ministro.

Outras informações

Até o momento, o Brasil mantém acordos garantidos para obter 142 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, no primeiro semestre de 2021, sendo 100 milhões fruto da parceria da Fiocruz com o laboratório AstraZeneca e outras 42 milhões previstas no consórcio Covax Facility.

Ao explicar a participação brasileira na Covax Facility, Pazuello disse que o país adquiriu 42 milhões de doses que podem ser fornecidas por qualquer um dos fabricantes que integram o consórcio, “inclusive, a própria AstraZeneca e a Pfizer, por exemplo, estão no consórcio”. A Pfizer, no entanto, ainda negocia sua adesão ao consórcio.

A vacina desenvolvida pela Pfizer em parceria com a empresa BioNTech, ganhou notório destaque na presente data, tendo em vista que a substância foi aprovada pelas autoridades do Reino Unido (o primeiro país do Ocidente a aprovar um imunizante contra a Covid-19).

No total, cerca de 800 mil doses da vacina da Pfizer devem estar disponíveis para a população a partir da semana que vem.

A fala de Pazuello, abrindo a possibilidade de aquisição da vacina da Pfizer, no mesmo dia dos acontecimentos do Reino Unido, representa uma mudança na posição do Ministério da Saúde.

Um dia antes, na manhã da terça-feira (2/12), o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, havia afirmado que uma vacina para integrar o plano de vacinação brasileiro precisaria “fundamentalmente” ser termoestável por longos períodos, em temperaturas de 2°C a 8°C.

No caso da vacina da Pfizer, são exigidas condições especiais de armazenamento, com temperaturas de -70º C. O imunizante aguenta apenas cinco dias na temperatura padrão dos refrigeradores do sistema brasileiro.

Ademais, Pazuello também disse na presente data que o Brasil apenas vai aplicar no território vacinas aprovadas pela Anvisa, agência federal que ele definiu como “padrão-ouro”.

Já em relação à obrigatoriedade da vacina para a população, o ministro assegurou que o Ministério da Saúde não vai determinar a imunização compulsória. Em vez disso, deverá trabalhar para o convencimento da população.

“Nossa estratégia será a de não obrigatoriedade da vacina. Vamos trabalhar com campanhas de conscientização, trabalhar pelas pontas e pelo padrão da vacina. Uma vacina campeã, sem resultados colaterais. Achamos que a procura será muito grande”, revelou Pazuello.

Na tarde da terça-feira, o ministério, inclusive, lançou um plano inicial para a vacinação da população brasileira, que será dividido em quatro etapas.

Os primeiros a receberem a vacina da Covid-19 no Brasil, provavelmente a partir de março de 2021, são os profissionais da saúde, seguido de idosos a partir de 75 anos, população indígena e quem vive em asilos ou instituições psiquiátricas e tenha mais de 60 anos de idade.

Na segunda fase, devem ser vacinadas pessoas de 60 a 74 anos.

A etapa de número 3 prevê a imunização de pessoas com comorbidades que apresentam maior risco de agravamento da doença. Nessa etapa não é possível dimensionar, com base nas estatísticas oficiais de demografia, quantas pessoas podem ser beneficiadas.

E a quarta e última etapa de vacinação deve abranger professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e a população privada de liberdade.

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