O bom momento da economia está levando muita gente a abrir o próprio negócio no norte e no nordeste do Brasil. Hoje, são 395 mil empreendedores individuais no nordeste, que representam 22% do total brasileiro, a segunda região de maior destaque no país, ficando atrás apenas do sudeste.
"Para quem tem um pouco de dinheiro, tem um sonho, um dinheiro legal para investir, pode vir que aqui é tranqüilo”, garante o microempresário Antônio Santana. O sotaque do empresário é de São Paulo, mas seu negócio não poderia ser mais nordestino: massa de tapioca para pães, biscoitos, salgadinhos e pudim. Foi Antônio mesmo quem teve a ideia e montou a pequena fábrica, que hoje emprega quatro funcionários.
A rede é outro produto tradicional, mas que foi reinventado no Nordeste. Antes era feita apenas para dormir, hoje virou artigo de decoração e funciona até como cadeira. Hoje, 40% das redes produzidas no Ceará são exportadas e a atividade gera renda para cidades inteiras.
Qualquer pessoa que ganhe até R$ 60 mil por ano, em média R$ 3 mil reais por mês, pode ser um empreendedor individual. Quem fatura acima disso, já é considerado micro ou pequena empresa. "Mais de 80 milhões de brasileiros passaram a consumir o que anteriormente não consumiam e isso faz com que os produtos da micro e pequena empresa, que é muito próprio do consumo dessa população, tenha sido demandada fortemente e aí surgem novas oportunidades de negócios", explica Alci Porto, diretor do Sebrae (CE).
O empresário Paulo Barroso Batista enxergou a oportunidade nos capacetes de moto. Mas em vez da venda, apostou, primeiro, no conserto do acessório. "Eu era balconista, fiquei desempregado e de repente surgiu a curiosidade de mexer no capacete e isso acabou virando meu emprego”, conta. Hoje ele tem 13 funcionários e duas lojas que vendem todo tipo de acessórios para motoqueiros, mas o conserto de capacete continua gerando lucros.
A inovação de produtos regionais também está movimentado a economia em Manaus. Há 11 anos, o Centro de Encubação e Desenvolvimento Empresarial incentiva quem tem uma boa idéia e quer transformá-la numa empresa de verdade. São 16 instituições que incentivam produtos inovadores que usam matéria prima regional: sabonetes, hidratantes e perfumes para ambiente. O material da floresta coletado por populações ribeirinhas viram mais de 80 produtos.
Em outra empresa são feitos licores com frutas da Amazônia. Sabor regional tipo exportação. “A gente tem tecnologia e é capaz sim de fazer um produto com toda a qualidade possível que tem no mundo”, garante o microempresário José Cabral. Também tem inovação tecnológica com empresas que desenvolvem softwares para computador e aplicativos para tablets e smartphones. Juntas, as 52 empresas beneficiadas geram 300 empregos e faturam R$ 10 milhões por ano.