Em entrevista nesta sexta-feira, 16, ao portal Bahia No Ar, a funcionária pública transgênero, Tarcilla Cavalcante dos Santos, que ganhou a autorização da Justiça em Camaçari, para alterar o prenome nos documentos de identificação (masculino para feminino), contou um pouco de sua história e falou sobre a importância da conquista para o segmento LGBT.

Natural do estado do Rio de Janeiro, a funcionária pública de 41 anos, ressaltou que “nasceu novamente” ao receber a notícia que poderia fazer a alteração do nome de batismo. “Eu queria muito a mudança de nome, porque tira muito o estigma do homem vestido de mulher, a questão do sofrimento psicológico também, nos iguala na sociedade de várias formas e nos traz muitas oportunidades”, falou.

Filha de pai militar, Tarcilla disse que desde criança não gostava de brincar com garotos e queria ser como as irmãs. Ela revelou ainda, que apesar de estar clara sua orientação sexual e de gênero, ela se assumiu tardiamente – vestindo roupas femininas, tratamento hormonal e passando por algumas mudanças – para não confrontar o posicionamento da família. “Eu nunca me vi como menino, eu me via como minhas irmãs e sempre me senti atraída por rapazes”, disse.

Tarcilla explicou ainda que, durante todo o processo passou por avaliação de psicólogos e psiquiatras, onde foi constatado profissionalmente que sua identidade feminina realmente existe.

Ao falar do atual convívio com a família, Tarcilla comemorou que tem o respeito dos parentes e enfatizou que esse é o caminho para as pessoas aprenderem a conviver umas com as outras e exterminar o preconceito.

“Eu acho que o tem que se trabalhar na sociedade é o respeito, principalmente entre as pessoas, sempre respeitei meus pais, minhas irmãs, meu ambiente de trabalho, no meu ambiente doméstico, eu acho que a gente deve dar respeito, amor o próximo, porque a gente só dá o que a gente tem e as outras pessoas vão entender que é importante agir dessa forma”, pontuou.

Tarcilla disse também que, aguarda a decisão da Justiça para fazer a cirurgia de readequação de gênero (mudança de sexo) e revelou a vontade de adotar uma criança.

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