Em 2000, por exemplo, esse índice foi de 1,2; em 2005, de 1,3.
A taxa de separação (processo no qual as partes ainda ficam impedidas de formalizar uma nova união), por outro lado, caiu para o menor patamar desde o início da série histórica, iniciada em 1984: 0,5 para cada mil habitantes. Em números absolutos, foram 243.224 divórcios e 67.623 separações no país durante o ano.
De acordo com Claudio Dutra Crespo, gerente de estatísticas vitais e estimativas populacionais do IBGE, os números estão diretamente ligados à mudança pela qual passou a legislação em julho do ano passado, que acabou com o tempo mínimo necessário de separação para dar entrada no divórcio. Agora, os casais não precisam mais aguardar até dois anos para pedir a dissolução definitiva, seja ela de natureza consensual ou litigiosa.
“Esse foi um fator decisivo para que o divórcio tivesse esse aumento tão expressivo. Com o trâmite burocrático facilitado, tudo pode fluir mais rapidamente. Em tese, não há mais motivos para que o casal entre com um pedido de separação, a não ser que ainda tenha dúvidas”, diz Crespo.
Segundo análise do IBGE, a flexibilização da legislação sempre resulta em um aumento do número de divórcios. Foi o que aconteceu em 2007, por exemplo, quando os divórcios e separações puderam ser solicitados por via administrativa, nos tabelionatos de notas do país (nesses casos o casal não pode ter filhos menores de idade ou incapazes e é preciso haver consenso entre as partes).
Na comparação entre 2009 e 2010, constatou-se que a taxa geral de divórcios cresceu em todos os Estados do país, exceto em Roraima, Tocantins, Paraíba e Mato Grosso, onde os índices se mantiveram iguais aos do ano anterior.
O levantamento do IBGE mostra que os divórcios de 2010 foram de casamentos que tiveram, em média, 16 anos de duração. Na divisão por Estados do país, o tempo transcorrido entre a data do casamento e a da sentença do divórcio teve pequena oscilação, sendo que a maior média, de 19 anos, foi registrada no Piauí, e a menor, de 14 anos, no Distrito Federal e no Amazonas.
A análise aponta ainda que, em 2010, 40,9% dos divórcios foram de casamentos que duraram no máximo dez anos. O percentual aumentou desde 2000, quando 33,3% dos divórcios tinham até dez anos.
Quanto à natureza das separações, 71% delas foram consensuais. Entre aquelas que foram judiciais não consensuais, 70,5% foram solicitadas pela mulher. No caso dos divórcios, o consenso foi observado em 75,2% das dissoluções concedidas sem recursos. Entre os não consensuais, há maior equilíbrio entre os requerentes (52,2% dos pedidos foram feitos pelas mulheres).
Guarda dos filhos
As estatísticas do Registro Civil mostram também que o compartilhamento da guarda dos filhos menores entre os ex-cônjuges está mais comum: esse percentual passou de 2,7% em 2000 para 5,5% em 2010.
Em Salvador, por exemplo, 46,54% dos filhos menores de casais que se divorciaram em 2010 ficaram sob responsabilidade de ambos os cônjuges, a maior proporção entre as capitais. Cuiabá (MT) e Goiânia (GO), por outro lado, não registraram nenhum caso de guarda compartilhada no ano passado.
O avanço da guarda compartilhada, no entanto, ainda é pequeno quando comparado à hegemonia das mães nessa responsabilidade, mesmo com a pequena queda verificada entre 2000 (89,6%) e 2010 (87,3%). No total do país, apenas 5,6% dos filhos menores ficaram sob a guarda dos pais em 2010.
Perfil do divorciado
Em relação à faixa etária dos casais, a pesquisa mostra que tanto o homem quanto a mulher estão se divorciando mais tarde. Em 2000, a idade média dos homens em fase de divórcio era de 41 anos. No ano passado, passou para 43 anos. Quanto às mulheres, a diferença aumentou um ano, de 38 para 39 anos de idade.
Na avaliação por tipo de família, constatou-se um crescimento da proporção dos divórcios de casais sem filhos: 30% em 2000 para 40,3% em 2010. Essa tendência também foi observada entre os casais que tinham somente filhos maiores (aumento de 13,3% para 22,3% no mesmo período).