“O que mais me assusta depois que deixei a prisão é que eu percebo que o Governo Bolsonaro consegue ser pior do que a visão que eu tinha quando estava na prisão”, o trecho faz parte de uma entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concedida ao El País.

Entrevistado pela jornalista Naiara Galarraga Gortázar, o petista falou, entre distintos questionamentos, sobre sua visão do governo de Jair Bolsonaro. “Eu acho que é um grande risco para o Brasil o jeito que eles estão governando”, assegurou Lula.

Durante a entrevista, o ex-presidente foi questionado sobre o AI-5, evocado recentemente pelo ministro da economia, Paulo Guedes.

Em resposta, Lula destacou que o comportamento de algumas pessoas da equipe demonstra uma total falta de compreensão sobre o significado de democracia.

“Têm comportamentos de pessoas do Governo que mostram que eles não compreendem bem o que é a democracia”, disse o petista que seguiu explicando seu entendimento sobre o termo e sua consequente atuação na sociedade. “A democracia não é um pacto de silêncio. A democracia é uma sociedade em movimento à procura de consolidar suas conquistas sociais e melhorar a vida de todas as pessoas num país”, acrescentou.

Ainda segundo Lula, Bolsonaro “não valoriza a democracia. Nem ele, nem os filhos dele, nem o partido dele. Eles falaram em fechar várias vezes a Suprema Corte, já falaram em fechar o Congresso Nacional, já falaram em restituir o Al-5, já fizeram não sei quantos decretos para liberar a arma. Ele acha que tudo será resolvido com o povo armado na rua. Quando, na verdade, eu acho que tudo será resolvido com mais tecnologia, mais educação e mais emprego”, destacou.

Em outubro, o deputado Eduardo Bolsonaro sugeriu uma possível volta do decreto AI-5, caso a “esquerda radicalizasse” no Brasil. A declaração foi feita durante uma entrevista à jornalista Leda Nagle, no canal dela no YouTube. Na época, além de criticas de partidos de oposição, a fala do filho de Jair Bolsonaro, também foi censurada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), que definiu o posicionamento de Eduardo como “repugnante” e “passível de punição”.

No entanto, horas depois, Eduardo Bolsonaro decidiu voltar atrás da declaração e pediu desculpas, afirmando que houve uma “interpretação deturpada” do que foi falado por ele.

AI-5
o AI-5, que foi publicado dia 13 de dezembro de 1968, durante o governo de Costa e Silva,  é considerado o mais duro dos atos do período militar (1964-1985).

O dispositivo autorizava o presidente da República a decretar o recesso do Congresso Nacional, das assembleias legislativas e das câmaras de vereadores, cassar mandatos de parlamentares e até suspender direitos políticos dos cidadãos.

Após a publicação do ato, o presidente Costa e Silva fechou o Congresso Nacional por tempo indeterminado. Segundo registro da Câmara dos Deputados, o Congresso só voltou a funcionar dez meses depois.

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