Livres de impostos, sem grandes despesas com contratação profissional e sem segurança para o passageiro, essa é a realidade do transporte clandestino. Em Camaçari é comum vermos pessoas gritando vários destinos nos pontos de ônibus, sem temer algum tipo de repressão. Salvador, Feira de Santana e Dias D’Ávila são alguns dos lugares mais procurados por quem já conhece o serviço informal.
A maioria das pessoas que utilizam esse tipo de transporte tem como justificativa a quantidade de carros e a rapidez. Mas, por trás desses benefícios se escondem muitos perigos que não são levados em conta pelo usuário. “Se quebra o carro no caminho, fura um pneu, acontece um acidente, quem vai ser responsável por isso”, questiona o caldeireiro Eleonor Sampaio.
Os carros de passeio também são muito utilizados para esse tipo de serviço. Normalmente, as pessoas que moram fora e trabalham na cidade aproveitam para ganhar passageiros que vão para Salvador, Feira de Santana, Mata de São João e outras localidades próximas de Camaçari. Os motoristas costumam pegar passageiros no ponto do Derba, na Av. Radial A, e ao lado do supermercado Central, pontos mais movimentados.
Um motorista que oferece o serviço não quis se identificar, mas conversou com a reportagem do RMS Notícias e disse que os passageiros é que o procura. Ele disse ainda que a falta de oportunidade no mercado de trabalho o levou a fazer transporte clandestino. “É o próprio passageiro que procura a gente. Eu estou desempregado e não vou roubar para sobreviver, o melhor é trabalhar ilegal mesmo”, ressalta.
Enquanto conversava com o repórter, o motorista recebe uma ligação em seu celular. Era um cliente antigo dele pedindo para que o motorista o buscasse no trabalho. “Venha rapaz, já tem duas pessoas aqui, só falta uma para fechar a viagem”, dizia ao telefone. Ao terminar a ligação o motorista explica. “Ele quer que eu passe por lá onde ele trabalha, porque o ônibus demora demais e ele tem horário. Só vou pegar os passageiros aqui e passar lá”, diz e segue para o carro.
Muitos reconhecem que utilizar esse tipo de transporte é perigoso, mas, mesmo assim, se lançam tentar chegar mais cedo ao destino. “É inseguro, desorganizado, as pessoas só faltam se matar para subir no carro, o pessoal não respeita nem idoso. O clandestino facilita a nossa vida, mas é muito desorganizado”, reconhece Amanda Machado, moradora de Dias D’Ávila.
Apesar do grande número de carros fazendo transporte clandestino em Camaçari, a Superintendência de Trânsito e Transporte (STT), em parceria com a Polícia Rodoviária Estadual e a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), realiza a fiscalização com a “Operação Clandestino Zero”, que apreendeu no ano passado 403 veículos e fez 793 notificações.
De acordo com o diretor de transportes da STT, Antônio Jambeiro, até esta terça-feira (6) a STT calcula cerca de 33 veículos apreendidos e 27 notificações. A operação acontece todos os dias da semana, em locais e horários indeterminados. Jambeiro recomenda cuidados à população. “Não aconselho ninguém a utilizar esse tipo de transporte, pelo perigo que ele proporciona. Ninguém sabe se o motorista é habilitado, se o carro está em boas condições, até mesmo se a pessoa é de confiança”, explica.
Por Henrique da Mata