As declarações do cantor, ex-vereador de Salvador e ex-ministro da Cultura do governo Lula, Gilberto Gil (PV), referentes à política baiana renderam comentários no cenário político. O músico, que no Carnaval do ano passado chegou a cogitar saída do PV, partido ao qual é filiado desde 1990, teceu críticas ao ex-prefeito João Henrique (PSL) na comparação da organização da folia de ACM Neto (DEM), disse que a oposição teria dificuldades para se aprofundar no interior, pois acredita que o governador Jaques Wagner fez um bom trabalho e declarou apoio à senadora Lídice da Mata (PSB) à corrida do Palácio de Ondina.
Quem não gostou das declarações e alfinetou Gil foi o deputado federal Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel e um dos principais articuladores da chapa de oposição ao candidato de Wagner, Rui Costa (PT). “Sou fã e respeito Gil como músico, mas como político, só vi insucesso na carreira dele. Eu não vejo ele andar pelo interior, só o vejo de ano em ano em Salvador durante o seu camarote no Carnaval. Eu, sim, que ando pela Bahia inteira, vejo o descaso do interior e o desejo de mudança da população”, retrucou.
Sobre o anúncio ao apoio a Lídice da Mata, por este seguir os passos da ex-senadora Marina Silva (PSB) e Eduardo Campos (PSB), Lúcio alfinetou o verde. “Se a Bahia está tão boa assim, por que ele vai apoiar Lídice? Não estará com Wagner? Não acredito que essa história de amigo, que está com chapa por conta de amizades, ajude no projeto de ninguém, foi assim que o atual governador foi eleito e muita gente está arrependida. E sobre a ‘oposição moderada’ da senadora, eu desconheço. Pois na política ou é situação ou é oposição, como gravidez: não existe grávida moderada ou meia grávida”, disparou.
O coro das críticas a Gil foi engrossado pelo presidente municipal do DEM, o ex-deputado Heraldo Rocha. Assim como o peemedebista, Rocha deposita no cantor confiança artística, mas acredita que ele não tem conhecimento político suficiente para analisar a dimensão da candidatura oposicionista, que será anunciada na próxima semana, no interior do estado.
“Gil pode apoiar quem quiser, seja Lídice, seja quem for. Eu o respeito como artista, poeta. Um cidadão da minha geração que admiro bastante, mas ele foi infeliz nas declarações, pois não tem capacidade para analisar os rincões da Bahia. Ele raramente vai ao interior e quando vai é para fazer um show e logo vai embora. Nós que conhecemos as lideranças, que visitamos, sabemos os graves problemas que a população tem enfrentado, principalmente na saúde. E sobre a oposição moderada, ela não existe! A política é polarizada: ou é a favor do governo ou é contra”, disse.
*Tribuna da Bahia